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Basta ligar a TV e se deparar com uma enxurrada de ofertas para a compra de um carro, que chegou a ser o sonho de todo o brasileiro em um passado recente. Os modelos, lindos e modernos, aguçam o desejo de qualquer mortal. E as montadoras e concessionárias parecem tornar o sonho real, ao anunciar “taxa zero”. Isso existe?
O Diário do Litoral foi ouvir um especialista – Wilson Justo, diretor de Marketing e Relacionamento da Sorocred – para dar dicas da melhor forma de comprar um automóvel.
Diário do Litoral – O senhor cita que não há “juros zero”, ao contrário do que anunciam as concessionárias e montadoras. Como o senhor pode explicar para o consumidor que, de fato, não há “juros zero” na compra de um carro?
Wilson Justo – As ofertas com “juros zero”, normalmente, envolvem um grande percentual de entrada. Essa entrada já carrega o custo do dinheiro que será recebido em parcelas. Além disso, um componente importante das taxas de juros é o risco de inadimplência. Numa compra de um automóvel nessas condições, o risco é muito minimizado, pois trata-se de um carro zero km e, como disse anteriormente, o valor dado como entrada é alto. Neste contexto, o risco recai somente sobre o que será financiado. Com isso, a taxa fica bem menor e pode ser diluída matematicamente no valor da entrada. Outro ponto a ser destacado é que, na hipótese de inadimplência, o carro pode ser apreendido e vendido em leilões, por exemplo. Mesmo que o valor desta venda não seja o de mercado, ainda assim ele servirá para cobrir uma parte do valor do veículo, justamente aquela que foi financiada.
DL - Qual é a principal dica que o senhor dá para quem está pensando em comprar um carro?
Justo – Se for comprar à vista, este é um momento interessante, pois a pessoa interessada em adquirir um automóvel pode chegar a descontos realmente vantajosos. Se for comprar a prazo, no entanto, é aconselhável fazer contas. De preferência, deve dar uma boa entrada e ter a certeza de que as parcelas e os custos recorrentes com o carro caberão confortavelmente no seu orçamento.
DL – O que o senhor diria para quem pensa em comprar um carro, agora? É o momento certo? Há perspectiva de as montadoras e concessionárias fazerem feirões mais perto do final do ano?
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Justo – Não sabemos ao certo o que virá em termos de oferta, se o Governo Federal voltará a subsidiar fortemente o IPI ou se as montadoras e concessionárias vão ceder e partir para descontos mais fortes em feirões. O momento ainda é de muita apreensão.
DL – Há uma “fórmula” que o senhor destacaria para “encaixar” o custo de um carro na vida de uma família? Como computar, com certa margem de segurança, itens como combustível, seguro, estacionamento, revisão, entre outros?
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Justo – Fazer conta! Vamos a um exemplo: rodarei em média 1.000 km por mês, o que equivalem a 100 litros de combustível. Ou seja, cerca de R$ 310,00 por mês. Deve ser incluído o valor do seguro, cerca de R$ 1.200,00 por ano ou R$ 100,00 por mês. Também há o IPVA e o licenciamento. Tomando como exemplo um carro de R$ 35.000,00 será perto de R$ 1.700,00 por ano ou R$ 142,00 por mês. Além disso, temos a manutenção preventiva (duas no ano): algo como R$ 1.000,00 ao ano ou R$ 83,00 por mês. E sem falar do lava-rápido, com custo mensal de R$ 25,00. Inclui na conta a parcela do financiamento, que pode ser perto de R$ 500,00 por mês. Só com estes custos teremos um comprometimento mensal de R$ 1.160,00. Se, com este valor comprometido, a conta não fechar, não compre. Ou, então, busque um mais barato ou junte mais dinheiro para a entrada.
DL – Na hora da compra, o ideal é ir sozinho ou acompanhado de alguém da família para ouvir outras opiniões? Por qual razão?
Justo – O carro, para grande maioria dos casos, é um bem que servirá a toda família. Neste caso, é aconselhável ouvir os familiares, principalmente, aqueles que são mais precavidos.
DL – Há um percentual que pode ser considerado vantajoso para dar como entrada em um bem, como um automóvel? Qual seria esse percentual?
Justo – O melhor percentual é o maior que você poderá dar. Normalmente, os financiamentos excedem 24 meses. Lanço uma pergunta: quem pode fazer planos para o orçamento com essa antecipação? A meu ver, ninguém. A prudência deve falar mais alto.
DL – O que o senhor diria para quem calcula que sai mais barato andar de táxi, no cotidiano, do que financiar um carro, com todas as suas despesas incluídas? O senhor considera correta essa tese?
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Justo – Muito. Eu sou um desses. Tenho um carro e alterno o seu uso com a minha esposa. Parte da minha rotina, eu realizo utilizando o táxi, acredito que vale muito a pena.