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Cotidiano

Papo de Domingo: Radialista usa Facebook para publicar revistas semanais

Para não perder publicações interessantes pela internet, Chico reúne as postagens em dois blogs

Vanessa Pimentel

Publicado em 28/05/2017 às 10:30

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'Eu via amigos que publicavam coisas muito interessantes, mas elas se perdiam por completo porque era o ato de publicar, atingir algumas pessoas e depois se perdia naquele lamaçal' / Matheus Tagé/DL

Chico Marques é professor de inglês, radialista e se autodeclara “lixeiro da internet”. Isso porque, há alguns anos, decidiu pescar no meio da sopa de conteúdos disponíveis na rede mundial, aquilo que achava que não poderia ser perdido ou esquecido.

Surgiu então a ideia de publicar uma espécie de revista semanal nas redes sociais em forma de blog. O primeiro, chamado “Alto&Claro”, já está há 12 anos no ar. Com postagens diárias de segunda a domingo, Chico fala sobre música de todas as nacionalidades, com comentários sobre discos novos e reedições de clássicos.

Além da música, a paixão pelos livros e crônicas deu vida, há três anos, a um novo filho online, o “Leva Um Casaquinho”. As edições saem às terças, quintas e sábados e traz cinema, literatura, textos de cronistas da cidade e agenda cultural. Confira no Papo de Domingo um pouco mais sobre esta ideia.

DL – Quando surgiu a ideia de reunir o que via de interessante na rede social?
Chico –
Surgiu daquela coisa canibalística que é o Facebook, onde não há um mecanismo para indexar as postagens, como o Google tem. A única maneira de conseguir indexar alguma coisa no Facebook é colocando a hashtag e o tema. Eu via amigos que publicavam coisas muito interessantes, mas elas se perdiam por completo porque era o ato de publicar, atingir algumas pessoas e depois aquilo se perdia naquele lamaçal. Muitas vezes você lê algo interessante, mas depois nem lembra aonde e isso é uma grande falha da rede. Então comecei a propor aos amigos de juntar essas postagens. Digo que sou uma espécie de lixeiro porque tudo que está sendo colocado ali e se perdendo eu começo a recolher.

DL- Como foram as primeiras publicações?
Chico -
Eu comecei com as crônicas do meu amigo Brizolinha, da banca que fica na bifurcação da Rua Bahia. Ele é um poeta, não é um comerciante, digo que ele é um comerciante acidental. Ele fica ali sentado e escrevendo. Agora escreve no Facebook também. Aí eu comecei a pegar essas coisas que eram diárias e reunir as cinco melhores e foi ficando legal. O nome do espaço no blog reservado para ele era Café e Bom Dia, porque ele sempre usava essa expressão no final dos textos, como se tivesse abrindo o dia dele, fazendo uma reflexão filosófica e: “Café e bom dia para todos”. E sabe que, quem me dizia que fazia a mesma coisa e me incentivou foi o Wagner Parra. Ele falava: “Olha, eu sempre fui lixeiro a vida inteira, é legal ser lixeiro!”.

DL - Como é o processo de produção de conteúdo? Dá muito trabalho?
Chico -
Eu edito os dois, sozinho. “Alto & Claro” escrevo sobre música e nasceu em um período que eu estava trabalhando num lugar onde eu não tinha o que fazer, mas como tinha internet eu comecei a pensar em alguma coisa para ocupar meu tempo e ocupei. A intenção do blog sempre foi dar sequência ao meu trabalho de radialista. Já o “Leva Um Casaquinho” tenho alguns colaboradores no que se refere a conteúdo. Para montar tudo levo em torno de uma hora, uma hora e meia. Os contos, por exemplo, pego em vários portais ou transcrevo de livros, dá um pouco mais de trabalho, mas se valer a pena eu faço. O “Leva Um Casaquinho” é uma revista cultural com várias caras. Às terças, é uma revista masculina com contos eróticos, mulheres que já posaram nuas e estavam esquecidas. Às quintas, fala sobre cinema, literatura e traz ainda dois ou três cronistas - todos da cidade, como Marcão, Cancello, Carlão Bittencourt. Aos sábados, é agenda cultural. Dá um pouco de trabalho, mas é tudo pela internet.

DL - Por que “Leva Um Casaquinho”?
Chico -
Porque minha avó sempre falava isso quando eu saía de casa. O “Leva Um Casaquinho” é mais um produto de estimação porque eu achei que alguém precisava fazer aquilo e ninguém estava fazendo, então decidi fazer.

DL - Como faz para acompanhar os lançamentos de discos para o “Alto&Claro”? Segue todos os ritmos ou mais os que você gosta?
Chico -
Um pouco de tudo. É mais focado em música internacional.

DL- Por que?
Chico
-Pela facilidade de conseguir material. Lá fora sempre teve um trabalho de divulgação muito amplo. Se você tem acesso aos portais já fica sabendo com uma, duas semanas de antecedência sobre o que ainda será lançado e aí já tem como escrever a respeito.

DL - Quantos leitores os blogs têm?
Chico -
Eu vejo pelo volume de visualizações que bate umas 300 por página, são cinco páginas por edição. Como são crônicas de terceiros e eles acabam repassando, isso vai bem adiante. Eu nunca sei exatamente o que vai ser de cada postagem. Teve uma entrevista que eu fiz com o dono da loja Ferrs, um pouco antes de fechar, que me impressionou porque teve mais de 20 mil visualizações. Pretendo profissionalizar esses blogs para que no futuro eu possa pagar colunistas, ter patrocinadores que permitam que os blogs se banquem. Por enquanto, eles estão tentando ganhar público.

DL - Santos é um celeiro de colunistas e escritores?
Chico
- Sim, Santos é uma cidade privilegiada nesse sentido, mas falta aonde publicar, revistas, espaço nos jornais diários. Em outras cidades, os escritores conseguem aparecer mais.

DL – O que você acha do cenário cultural atual do Brasil?
Chico
- Falando pelo lado professor, que tem contato com essa molecada, eu fico meio assustado, às vezes, com o desinteresse deles com questões relacionadas à cultura. Já temos um problema sério de formação das pessoas que são os professores deles, parentes, enfim, não tem uma formação cultural vinda de dentro de casa e também não tem na escola e para complicar, eles parecem desinteressados de correr atrás de qualquer coisa. Eu imaginava que com a internet as pessoas seriam mais curiosas, pelo menos o pessoal mais novo né, de querer conhecer tudo e agarrar o que interessasse, mas não é bem o que acontece. As pessoas acabaram se fechando. Não dá para dizer aonde isso vai dar e para piorar as coisas a indústria cultural também dispersou de uma maneira... Por sorte têm os guetos que acabam favorecendo os movimentos culturais.

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