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Cotidiano

Papo de Domingo: ‘A consciência consegue estar onde o cérebro não está’

Para dar continuidade ao tema "Experiências Quase Morte", o Diário traz uma entrevista com o físico formado pela Universidade de São Paulo (USP), Carlos Mendes

Vanessa Pimentel

Publicado em 08/10/2017 às 09:30

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Carlos Mendes é filho do ilustre maestro e compositor santista Gilberto Mendes / Rodrigo Montaldi/DL

No domingo passado, o Diário do Litoral entrevistou o renomado neurocientista Edson Amâncio para saber mais sobre um fato que tem desafiado a ciência: as Experiências Quase Morte (EQM’s).

Para dar continuidade ao tema, o Papo de Domingo de hoje traz uma entrevista com o físico formado pela Universidade de São Paulo (USP), Carlos Mendes, filho do ilustre maestro e compositor santista Gilberto Mendes.

Carlos e Edson mantêm um canal no YouTube chamado “Afinal, o que somos nós”, onde entrevistam pessoas que passaram pela Experiência Quase Morte.

Segundo Carlos, a resposta do por que escolheu ser físico surgiu com mais certeza quando resolveu montar o canal. “Pretendemos investigar o que somos nós e como físico sei da relevância em se falar neste assunto”, explica.

De acordo com Mendes, um dos objetivos do canal é levar a realidade das EQM’s para qualquer pessoa que se interesse pelo assunto e estudar cientificamente o fato que, para ele, pode influenciar até mesmo na mudança de postura da humanidade em relação ao trato com o próximo e com o planeta.

“A comprovoção de que ‘algo’ continua vivo mesmo após a morte do corpo é impressionante. Ao mesmo tempo, estamos em um período extremamente complicado do planeta e como físico sei o que vai acontecer em termos de aquecimento global. Então, acho que todos nós temos que começar a pensar no que a gente pode fazer pela humanidade e isso começa por questionar o que somos nós e o que estamos fazendo aqui”, analisa.

Durante a entrevista, Carlos explicou sobre a dificuldade que a ciência e a física clássica têm para comprovar as EQM’s, já que são baseadas em experiências subjetivas. Por isso, a física quântica é a ciência usada para nortear os estudos e acabar com o determinismo pela qual a ciência convencional é pautada.

E, exclusivamente, nesta edição do Papo de Domigo, a entrevista será dividida em duas partes, uma hoje e outra amanhã. Confira.

DL - Poderia falar um pouco sobre o que é a física quântica?

Carlos Mendes - Física quântica vem de quantidade e foi criada ao longo de uns 30 anos, final de 1920, até que seus fundamentos ficassem mais sólidos. Albert Einstein acompanhou, foi ao mesmo tempo à relatividade e à física quântica. Para começar a entendê- -la é preciso ler o que já existe, mas quase todos os livros são em inglês, o que é uma pena no Brasil.

DL - Por que você acredita que é importante que as pessoas comecem a se interessar por física quântica?

Carlos - A compreensão da física quântica por outras pessoas dará acesso para que elas tenham uma visão da vida que, por enquanto, só quem estuda essa área tem. Amit Goswami é um físico teórico quântico que tem incontáveis livros que me impressionaram porque ele usa a física quântica para chegar a seguinte conclusão: a consciência que cria a matéria e não a matéria que cria a consciência. Para a ciência exata o conceito de consciência não interessa. Eu acho que a física quântica é a maior revolução científica da história. Albert Einstein é um dos pais da física quântica e o físico dinamarquês Niels Bohr também, tanto que ele tem uma frase que é mais ou menos assim: “Se você não está assustado com a física quântica é porque você não a entendeu”.

DL – Por que você acredita que o reconhecimento das EQM’s poderia impactar beneficamente o comportamento das pessoas?

Carlos - Nos casos de EQM é muito comum as pessoas relatarem que, aonde quer que elas estejam, sentem de uma forma muito profunda que todos nós estamos ligados. Eu vejo esse mundo de ódio, guerras, competição e olho para essas experiências e vejo as pessoas falando de uma ligação entre todos e elas mudam muito quando voltam. É comum se tornarem menos apegadas à matéria e manterem um sentimento mais altruísta. E aí eu penso como é importante investigarmos isso mais a fundo em função do momento que a gente está vivendo no planeta, então eu tenho pressa.

DL - Por que tem pressa?

Carlos - Porque eu sou físico e vejo o avanço do aquecimento global, as situações tensas políticas, o poder de autodestruição que o homem tem e quando eu vejo que as pessoas que passaram por EQM falam de alguma coisa além é porque existe. Eu como físico sei o que vai acontecer em termos de aquecimento global e as consequências são imprevisíveis. Então, acho que todos nós temos que começar a questionar o que a gente pode fazer pela humanidade. Isso começa por questionar o que somos nós e o que estamos fazendo aqui.

A continuação desta entrevista será publicada na edição de amanhã

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