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Cotidiano

Papo de domingo: ‘A Baixada Santista é um celeiro de modelos’

Ex-modelo internacional Maria Clotilde Macia Frassei, a Clô, dá dicas para jovens que querem ingressar na carreira

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 02/02/2014 às 01:15

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Não bastava o pai se destacar na família com uma carreira de sucesso. Maria Clotilde Macia Frassei, a Clô, marcou as passarelas, é conhecida nas principais cidades do circuito internacional da moda e hoje administra uma das maiores agências de modelo de Santos. Filha de um dos maiores artilheiros do Santos Futebol Clube, José Macia, o Pepe, ela não fala sobre o mundo da bola, mas domina tudo que se relaciona a tendências, desfiles e estilo.

O ramo da moda na região tem crescido gradativamente e de forma significante, segundo a ex-modelo. Mas Clô conta que o caminho não tem sido as passarelas. “Todo mundo, quando fala de moda, pensa em desfile e passarela. Moda não é só isso”.

A ex-modelo dá dicas para a menina ou menino que quer ingressar na carreira e explica quais as alternativas que o principiante tem, além das disputadas passarelas e a tão sonhada fama internacional, que segundo ela, muito poucos alcançam.

Modelo renomada, Clô já fez sucesso desfilando pelas principais cidades do circuito internacional durante dez anos. Hoje, ela administra uma das maiores agências de moda de Santos, a By Clô.

Diário do Litoral - Como surgiu seu interesse pelo mundo da moda e a vontade de seguir carreira nesse ramo?

Clô -
Na minha época era muito pior, quase não existia mercado de moda no Brasil. Durante a minha adolescência, eu era a única com 1,80 m na escola. Eu me achava ridícula. Passei por muito bullying, hoje isso é combatido. Me chamavam de girafa, poste, esqueleto, porque além de alta, eu era magra demais. Então eu sofria, me achava diferente, as pessoas olhavam e se chocavam. Até que um senhor me parou na rua, em Campos do Jordão, e me falou “menina, com essa altura você é uma maneca (manequim), tem que desfilar, ser modelo”. Aí foi a primeira vez que me fizeram um elogio por causa da altura e despertou a minha curiosidade. O mundo da moda era muito pequeno.

'De cada dez modelos, oito nascem para a profissão', afirma Clô (Foto: Matheus Tagé/DL)

DL - Na época, existiam agências de modelo em Santos?

Clô -
Não tinha nada. Tive que ir para São Paulo. Eu ficava olhando as contracapas das revistas para saber de quais agências eram as modelos que estavam nas páginas. Eu pensava “se ela está na capa dessa revista, é porque a agência deve ser boa, ligo para essa agência e me informo”. Eu fiz um curso em uma das agências que existiam em São Paulo naquela época. De todas as meninas, eu fui uma das contratadas. E em dez dias fui para uma agência de Tóquio.

DL - Como foi morar longe?

Clô -
Graças a Deus eu já viajava muito com o meu pai, o Pepe. Já tinha viajado para fora do Brasil várias vezes. Fora que eu era muito estudiosa, então eu já falava inglês. Quando apareceu essa oportunidade do Japão, eu me virei muito bem. Na época eu tinha 17 anos.

DL - Hoje, como você vê as meninas que começam a carreira tão novas?

Clô -
Isso mudou, porque agora o São Paulo Fashion Week, por exemplo, só aceita meninas com mais de 16 anos. Certos eventos, as novinhas não podem participar. E hoje é sensacional a assessoria que as agências de modelo dão. Todas as meninas têm psicólogo, nutricionista, toda a parte de estudo. As meninas só viajam para fora do país quando acabam o ensino médio. Já não acontece mais de atrapalhar o estudo. Normalmente depois do ensino médio é que elas começam a trabalhar.

DL - Existe uma grande demanda de pessoas que se interessam pela carreira de moda na Região?

Clô -
É inacreditável como a Baixada Santista é um celeiro de modelos. As agências em São Paulo ficam enlouquecidas. Claro, muita gente bonita. Acho que o que falta é informação. Entram meninas aqui (na agência By Clô) que eu vejo que são perfeitas para o mercado internacional, mas que se acham feias, altas demais ou magras demais. É realmente uma falta de informação sobre o perfil de modelo. Para a gente, que entende de moda, ela é maravilhosa, mas na rua por aí, o pessoal não acha ela linda. A gente vê a beleza de outra forma.

DL - Quando se fala em modelo, todo mundo pensa em passarela. Por que?

Clô -
É o perfil internacional: passarela. Mas no ramo comercial, ganha-se muito mais que o fashion. O fashion só ganha dinheiro quem tem nome. Eu era uma modelo fashion, foram 12 anos de passarela e catálogo de moda. Os maiores cachês que eu ganhei no Brasil foram para grandes marcas fazendo comercial. Na nossa Região, o mercado é totalmente voltado para os modelos comerciais. Aqui não tem espaço para modelo de perfil fashion, de passarela. Meninas de manequim 36 não fazem nada. De 38 a 42 fazem fotos para as lojas. O mercado comercial é para as meninas como todo mundo, a gente costuma dizer. Então, quem trabalha como modelo aqui na Baixada são as “gostosonas”.

DL - Outro tabu é a questão da alimentação. A modelo deve se dedicar totalmente ao cardápio?

Clô -
O modelo que é modelo profissional, acorda modelo. É um estilo de vida. A de passarela pior ainda, porque tem que ficar sempre nas medidas: no máximo 90 de quadril, cintura com 63 cm, e o busto pode ser até 90. De cada dez modelos, oito nascem para a profissão. Agora quem não nasce assim e quer seguir carreira, tem que viver na dieta. Foi o meu caso. Eu só comia proteína com salada. Não comia arroz, batata ou massa de jeito nenhum. Nada de açúcar. Só exercício aeróbico e não pode puxar peso de jeito nenhum. Eu falo que eu sou muito mais feliz agora, comendo. Tem coisa pior do que fazer dieta? É horrível.

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