Cotidiano

Papa convoca Igreja para ações concretas

Diante de milhares de fiéis na Praça São Pedro, Francisco pediu que orem por ele durante a viagem. O papa chega à tarde ao Rio de Janeiro. Entre outras autoridades, ele será recebido pela presidente Dilma Rousseff;

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 21/07/2013 às 23:02

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Às vésperas de sua viagem ao Brasil, o papa Francisco pediu ontem diante de milhares de fiéis na Praça São Pedro que “orem” por ele. “Peço que me acompanhem espiritualmente com a oração em minha primeira viagem apostólica que começa amanhã (hoje)”, declarou.

Mas também deu seu recado do que quer da Igreja e dos fieis: “Uma ação concreta de ajuda ao irmão pobre, doente, necessitado de ajuda, em dificuldade”. Segundo ele, sem a ação concreta, a oração é “estéril e incompleta”.

O recado é claro: se a Igreja quer chegar à sociedade e reverter a perda de fiéis, não poderá ficar apenas nas sacristias. Uma das metas de Francisco é a de criar um caráter missionário na Igreja, pedindo que religiosos saiam às ruas, seguindo seu exemplo do que fez enquanto era religioso em Buenos Aires e visitava favelas.

No Brasil, essa será uma das principais mensagens aos bispos e cardeais. ”Oração e ação estão sempre profundamente unidas”, disse, insistindo na necessidade de uma “serviço concreto ao próximo”. Francisco ainda insistiu para que a Igreja esteja sempre “o mais atenta concretamente à necessidade dos irmãos”.

Segundo ele, porém, ação sem uma base religiosa também não basta. “Prega e atue”, insistiu. Já em sua posse, Francisco deixou claro que não queria ver a Igreja ser transformada em uma ong de caridade, numa referência à necessidade de que as ações tenham como base a “palavra de Cristo”.

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Dilma Rousseff recepcionará líder da Igreja Católica, no Rio de Janeiro (Foto: Agência Brasil)

Francisco ainda dedicou parte do Angelus à sua viagem ao Brasil. “Como sabem, vou ao Rio de Janeiro, no Brasil, para a 28ª Jornada Mundial da Juventude”, disse. “Pedimos a intervenção da beata Virgem Maria, tanto amada e venerada naquele País, nessa nova etapa da grande peregrinação juvenil através do mundo”, completou. O papa fez questão de declarar todos os próximos dias como “a semana da juventude”.

Católicos no Brasil eram 64%. Hoje, 57%

O número de brasileiros que se declaram católicos caiu de 64% em 2007, quando houve a última visita de um papa ao país, para 57% em 2013, segundo pesquisa Datafolha.

Os dados foram divulgados na véspera da chegada do Papa Francisco ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro.

No mesmo período, a população de evangélicos pentecostais passou de 17% para 19%, a de evangélicos não pentecostais de 5% para 9% e a de espíritas kardecistas se manteve em 3%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

A pesquisa foi realizada nos dias 6 e 7 de junho. Foram feitas 3.758 entrevistas em 180 municípios brasileiros. A porcentagem da população católica é a menor da série histórica do Datafolha, iniciada em 1994. Na época, 75% dos brasileiros eram católicos, 10% evangélicos pentecostais, 4% evangélicos não pentecostais e 4% espíritas kardecistas. O menor número de católicos registrado desde então havia sido em 2011, com 62%.

Entre os católicos, 26% consideram que o Papa Francisco é melhor que seu antecessor, o Papa Bento XVI; 50% acham que os dois são iguais, e apenas 3% consideram Francisco pior.

A pesquisa também fez questionamentos sobre a participação dos entrevistados na igreja. Entre os católicos, apenas 17% costumam ir à missa e outros serviços religiosos mais de uma vez por semana.

Quando é questionada a presença apenas uma vez por semana, o número sobe para 28%. Ainda entre os católicos, 21% dizem ir à igreja uma vez por mês, e 7% assumem que não a frequentam.

Os números também apontam que 34% deles têm o hábito de contribuir financeiramente com a Igreja, com um valor médio mensal de R$ 23,00.

Dom Claudio Hummes tem proximidade com Francisco

D. Claudio Hummes e d. Odilo Scherer, respectivamente cardealarcebispo emérito e atual cardealarcebispo de São Paulo, expressam opiniões diferentes sobre o pontificado de Francisco. Enquanto o primeiro derrama elogios ao velho amigo, Scherer adota um discurso mais contido, no qual seria preciso tempo para interpretar os discursos e as ações do papa argentino.

Hummes, porém, é muito próximo de Francisco. Em reuniões oficiais no Vaticano, como o último conclave, o cardeal brasileiro e o argentino d. Jorge Bergoglio sentavam-se lado a lado nos últimos anos. “Acabei me tornando um grande amigo dele. Ele já o disse (que são amigos), está dito”, resumiu o brasileiro, em evento realizado no fim do mês passado no Colégio de São Bento, na região central de São Paulo.

A amizade de ambos foi demonstrada em gestos públicos importantes - quando Bergoglio foi apresentado como papa, em 13 de março, fez questão de que Hummes estivesse ao seu lado; o brasileiro teria sido o mentor do nome Francisco, aliás. E deve se manifestar em parcerias políticas - Hummes é cotado para assumir um posto estratégico na administração da Igreja, ainda neste segundo semestre, conforme anteciparam alguns vaticanistas.

Hummes é admirador confesso de Bergoglio, desde antes de o argentino se tornar Francisco. “Ele pretende orientar a Igreja, certamente”, afirmou o cardeal. Quando questionado sobre a possibilidade de mudanças em questões como divórcio, celibato e homossexualidade, Hummes disse que o papa deve trabalhar “em todas as grandes questões”. “São temas difíceis e bastante discutidos. Ele não faz disso algo que não será tocado. Para Francisco não existem temas que não devam ser tocados”.

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