Cotidiano

'Pagar pra Sair de Casa': Moradores do litoral de SP se revoltam com novo pedágio

A cobrança está prevista para ocorrer no modelo free flow, com leitura automática de placas, e pode afetar diretamente a mobilidade diária de milhares de pessoas

Ana Clara Durazzo

Publicado em 07/08/2025 às 09:30

Atualizado em 07/08/2025 às 12:21

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A instalação do pedágio acontecer antes da entrega das obras prometidas, como vias marginais gratuitas, só acirra os ânimos / Divulgação/Governo de SP

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A implantação de um novo pedágio na rodovia Rio-Santos (SP-055), no quilômetro 236, único acesso ao centro urbano de Santos para moradores da área continental, tem gerado indignação e sensação de exclusão entre os residentes dos bairros Caruara e Iriri.

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A cobrança, que ainda não tem data definida para início, está prevista para ocorrer no modelo free flow, com leitura automática de placas, e pode afetar diretamente a mobilidade diária de milhares de pessoas.

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Atualmente, esses bairros já enfrentam desafios relacionados à distância e à precariedade de infraestrutura. Em Iriri, por exemplo, não há padaria, escola ou hospital. Para qualquer necessidade básica, os moradores são obrigados a cruzar a rodovia, exatamente onde será instalado o novo pórtico de cobrança. Com isso, cresce o temor de que atividades rotineiras, como trabalhar, estudar ou buscar atendimento médico, passem a ter um custo adicional.

“Pagar para sair de casa”

Para moradores e especialistas, a medida evidencia uma desconexão histórica entre a área continental e a ilha de Santos. “Estamos sendo obrigados a pagar para circular dentro da nossa própria cidade”, dizem moradores em manifestações organizadas localmente. A instalação do pedágio acontecer antes da entrega das obras prometidas, como vias marginais gratuitas, só acirra os ânimos.

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A concessionária Novo Litoral (CNL), responsável pelo trecho, afirma que a cobrança só será iniciada após a conclusão dessas obras alternativas. No entanto, o pórtico já tem instalação prevista sem que qualquer via de desvio esteja pronta. Segundo o modelo free flow, quem não pagar a tarifa em até 30 dias poderá ser multado em R$ 195,23 e perder cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Impacto regional

Os efeitos da medida vão além de Santos. Estão previstas mais 11 cobranças ao longo da rodovia SP-055, atingindo diretamente cidades como Praia Grande, Mongaguá e Itanhaém. O temor é de que a mobilidade regional, especialmente entre municípios da Baixada Santista, seja drasticamente afetada, tanto para moradores quanto para turistas e trabalhadores.

Apesar da mobilização de lideranças políticas e de protestos da população local, o Governo do Estado de São Paulo ainda não sinalizou mudanças no cronograma da concessionária.

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À espera de soluções estruturais

O impasse surge em meio à expectativa pela construção do Túnel Santos–Guarujá, obra aguardada há décadas e que promete revolucionar a mobilidade na região. No entanto, mesmo essa solução futura virá acompanhada de tarifa, reforçando o sentimento de que o deslocamento no litoral paulista está se tornando um privilégio pago.

Enquanto isso, moradores de bairros como Caruara e Iriri se veem diante de um cenário em que “sair de casa” pode passar a significar também “pagar pedágio”, um ônus a mais para comunidades que já vivem à margem da infraestrutura urbana de Santos.

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