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Cotidiano

Padre celebra missa em penitenciária e banha os pés de 12 detentos

Na missa, o padre Isaac Carneiro da Silva banhou e beijou os pés dos homens que cumprem pena no sistema prisional

Publicado em 14/04/2017 às 10:00

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Padre banhou e beijou os pés de 12 homens que cumprem pena no sistema prisional / Rodrigo Montaldi/DL

Na Última Ceia, Jesus Cristo lavou os pés de seus discípulos. O ato remete à humildade e o papel que os cristãos devem seguir: o de tratar o próximo com igualdade. Em um salão ecumênico, no interior do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) Dr. Rubens Aleixo Sendin, em Mongaguá, o gesto bíblico foi repetido. Na missa, acompanhada por mais de 100 reeducandos, agentes penitenciários e membros da Pastoral Carcerária, o padre banhou e beijou os pés de 12 homens que cumprem pena no sistema prisional.  

“O Lava Pés não foi algo simples. Foi um ato de amor. Jesus Cristo contrariou o pensamento da humanidade. A conversão se dá na espiritualidade. Rezamos juntos e agradecemos a Deus as oportunidades que ele nos dá. Se ontem nós erramos, ele nos dá a oportunidade de hoje acertamos. Jesus andou pelo mundo fazendo o bem, mas foi condenado. A dor e o amor se conjugam”, disse o padre Isaac Carneiro da Silva, durante a homília. O pároco está à frene da Igreja Nossa Senhora Auxiliadora, no Parque das Bandeiras, em São Vicente.

Marcelo, 37 anos, está há três meses no CPP de Mongaguá, e há seis anos no sistema prisional. Assistia a missa com atenção. É evangélico, mas quis acompanhar a cerimônia católica porque, segundo ele, a fé não tem religião. “O nosso Deus é único. Esse gesto de lavar os pés é lindo. É um ato de amor e está em João 13. Me sinto privilegiado. Vou sair daqui para ganhar os ‘perdidos’ que estão na vida que eu levava. Meu objetivo é falar com os jovens”, disse.

Coral

A cerimônia da Quinta-Feira Santa foi marcada por momentos de emoção. Reeducandos auxiliaram na celebração com a liturgia. O ápice foi o momento em que o padre iniciou o ritual de Lava Pés. Auxiliado por dois diáconos banhou e beijou um a um os pés de 12 homens. Um coral, formado por evangélicos da Igreja Assembleia de Deus, finalizou a missa. “Ainda se vier noites traiçoeiras. Se a cruz pesada for, Cristo estará contigo. O mundo pode até fazer você chorar. Mas Deus te quer sorrindo”, cantaram eles por cerca de cinco minutos.

“Participamos dos cultos religiosos que existe dentro do cárcere. Louvamos a Deus nesses cultos e fomos convidados pela pastoral a participar com o dom que Deus nos deu louvando a Jesus. São portas que se abrem no ato de lavar os pés. A páscoa significa a nossa libertação da escravidão do pecado”, disse Diego, um dos reeducandos que integra o coral.

A celebração uniu católicos e evangélicos, e, mais que humildade, deixou a mensagem de unidade. “É a simbologia da unidade. Por mais que as crenças sejam diferentes, a fé que leva a Deus é única. Queremos levar a paz e a unidade”, afirmou Padre Isaac.

O pároco também reforçou o sentido da Páscoa e a importância de respeitar o próximo. “Dentro de um presídio somos diferentes, porém iguais. Eles estão aqui de passagem como o mesmo sentido da Páscoa. Queremos hoje brotar essa humildade e fazer cultivar agora e florescer no coração desses homens, que estão aqui de passagem, que Deus está presente em cada coração”, destacou.

Pastoral

No CPP de Mongaguá, o trabalho da Pastoral Carcerária, que é ligada à Igreja Católica e tem a missão de levar o evangelho no cárcere, é realizado a cada 15 dias. A missa foi organizada por eles com a parceria da direção da unidade.

“O padre nos deu a ideia de celebrar essa missa. Aqui tem uma estrutura boa e pessoas frequentadoras da pastoral. Para nós é uma maravilha e uma grande honra estarmos aqui. A gente sempre fala nas nossas visitas: sempre tenha esperança. Nunca devemos desistir de ninguém. Como está na bíblia: estive preso foste me visitar”, disse Gerson Rodrigues Alves, coordenador diocesano da Pastoral Carcerária.

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