Cotidiano
Medicamentos podem ajudar pets a perder peso e controlar diabetes, mas ainda dependem de estudos clínicos e aprovação regulatória
Avanço é tão promissor que os análogos de GLP-1 para pets já ganharam apelidos bem populares 'ozempet' e 'moungato' / Pexels
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O sucesso de medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro no tratamento de diabetes e obesidade entre humanos já começa a abrir caminho para uma nova fronteira: a medicina veterinária.
O avanço é tão promissor que os análogos de GLP-1 para pets já ganharam apelidos bem populares — “ozempet” e “moungato”.
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O objetivo das farmacêuticas é desenvolver medicações capazes de auxiliar cães e gatos a perder peso, controlar diabetes e melhorar indicadores de saúde, assim como ocorre com pessoas.
A necessidade é real. Uma pesquisa de 2024 aponta que 62% dos tutores de cães e 53% dos donos de gatos já tentaram iniciar dietas para seus animais.
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A estimativa é que metade dos pets esteja acima do peso, condição que reduz expectativa de vida e aumenta o risco de doenças graves.
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Apesar do entusiasmo, o “ozempet” ainda não deve chegar tão cedo ao mercado. Os medicamentos estão em fase inicial de estudos e dependem de testes clínicos rigorosos para garantir segurança e eficácia antes de chegarem aos consultórios veterinários.
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O avanço mais recente veio da farmacêutica Okava, sediada em San Francisco (EUA), que iniciou um estudo-piloto com um análogo de GLP-1 baseado na exatinida, desenvolvido exclusivamente para gatos.
Em vez da aplicação periódica, a proposta é um microimplante capaz de liberar o medicamento gradualmente por até seis meses, reduzindo a necessidade de intervenções constantes. A tecnologia é desenvolvida em parceria com a Vivani Medical.
A empresa já testou o dispositivo em um grupo de 19 gatos ao longo de 62 dias, com o objetivo de avaliar segurança e tolerabilidade. A próxima etapa deve acompanhar os animais por mais tempo, analisando efeitos metabólicos e perda de peso.
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Caso os resultados sigam positivos, a Okava pretende iniciar um estudo clínico maior e solicitar aprovação regulatória à FDA — processo que pode levar cerca de dois anos.
Outra companhia atuando na mesma frente é a Akston, que anunciou em novembro um estudo clínico na Universidade de Cornell para avaliar um análogo de GLP-1 para gatos em injeção semanal, modelo semelhante ao usado em humanos.
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Atualmente, o combate à obesidade em pets depende quase inteiramente de mudanças de rotina. Dietas controladas, redução de petiscos, aumento da atividade física e orientação veterinária costumam ser as medidas indicadas. Porém, assim como acontece com humanos, adesão nem sempre é simples.
Em animais com diabetes, o tratamento mais utilizado é a aplicação de insulina duas vezes ao dia, um cuidado contínuo e de alto custo que muitas famílias não conseguem manter — o que leva, em casos extremos, à eutanasia do animal.
Medicamentos para controle de apetite já chegaram a ser comercializados, mas tiveram baixa adesão. Além do preço, o fator emocional pesa: para muitos tutores, oferecer comida é uma forma central de interação e vínculo com o pet. Por isso, uma medicação que reduza apetite pode afetar essa relação.
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As pesquisas com análogos de GLP-1 para cães e gatos ainda estão nos primeiros passos, mas especialistas acreditam que, se aprovados, podem marcar uma revolução semelhante à vista entre humanos.
Ainda vai levar tempo até que as primeiras versões para pets cheguem às clínicas veterinárias, mas o horizonte já se aproxima — discretamente, dentro de pequenos frascos, canetas e microimplantes.
Quando o “ozempet” finalmente estiver disponível, a saúde dos nossos animais pode mudar para sempre. Até lá, dieta equilibrada, caminhadas frequentes e acompanhamento veterinário seguem sendo o melhor tratamento.
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