Cotidiano
O trecho inaugurado possui 24 quilômetros de extensão e liga as rodovias Presidente Dutra e Fernão Dias, duas das principais portas de entrada da capital paulista
As pistas restantes, que somam cerca de 20 quilômetros, têm previsão de conclusão até setembro de 2026, período em que Tarcísio poderá estar em campanha pela reeleição / Divulgação/Governo de SP
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A entrega do primeiro trecho do Rodoanel Norte, realizada pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) nesta quarta-feira, marca o início de uma agenda de inaugurações de grandes obras prometidas há décadas em São Paulo, muitas delas travadas desde gestões tucanas anteriores. A liberação acontece às vésperas de um ano eleitoral e ainda cercada de incertezas sobre novos atrasos
O trecho inaugurado possui 24 quilômetros de extensão e liga as rodovias Presidente Dutra e Fernão Dias, duas das principais portas de entrada da capital paulista. Apesar do avanço, o Rodoanel Norte segue incompleto.
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As pistas restantes, que somam cerca de 20 quilômetros, têm previsão de conclusão até setembro de 2026, período em que Tarcísio poderá estar em campanha pela reeleição ao Palácio dos Bandeirantes ou por uma eventual candidatura à Presidência da República
A cerimônia de entrega do novo trecho deve reunir deputados, prefeitos e aliados políticos em um evento com forte tom de campanha. Convites enviados a parlamentares indicam como ponto de encontro o km 205 da Rodovia Presidente Dutra, na altura de Arujá, a partir das 10h
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Nos bastidores, a avaliação é de que o governo estadual tenta transformar a conclusão parcial do Rodoanel em um marco simbólico de gestão, após anos de cobranças públicas pelo atraso da obra.
Em evento recente no Palácio dos Bandeirantes, Tarcísio classificou a conclusão do Rodoanel Norte e o avanço de outras obras paradas, como as linhas 17-Ouro e 6-Laranja do metrô, como a “construção do impossível”. Sem citar diretamente administrações anteriores, o governador afirmou que sua preocupação é deixar um legado, e não disputar marcas políticas
Apesar do discurso, nenhuma dessas obras está totalmente concluída até o momento.
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O cronograma anunciado pelo governo paulista também se encaixa nos prazos da Justiça Eleitoral. Caso Tarcísio decida disputar outro cargo em 2026, ele precisaria deixar o governo até 4 de abril, seis meses antes do primeiro turno. Segundo o próprio governador, as linhas 17-Ouro e 6-Laranja estarão com trens circulando ou em fase avançada de testes até março de 2026, um mês antes do prazo legal
Idealizado ainda na gestão de Mário Covas, o Rodoanel teve início em 1998 e passou por cinco governadores tucanos. O trecho oeste foi inaugurado em 2002, o sul em 2010 e o leste em 2014. Já o trecho norte virou símbolo de atraso, acumulando entraves técnicos, mudanças de projeto e aumento de custos durante os governos de José Serra, Geraldo Alckmin, João Doria e Rodrigo Garcia
Tarcísio herdou a obra com mais de 80% dos trabalhos concluídos, o que elevou as chances de entrega. Com a nova ligação entre a Dutra e a Fernão Dias, a estimativa do governo é de que cerca de 40 mil veículos, incluindo 10 mil caminhões, deixem de circular diariamente pela capital, reduzindo congestionamentos em corredores estratégicos como as Marginais Tietê e Pinheiros
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Além do Rodoanel, o governo estadual prepara anúncios envolvendo outros projetos históricos. A linha 17-Ouro, prometida para a Copa do Mundo de 2014, tem 6,7 km e ligará o Aeroporto de Congonhas ao Morumbi, com previsão de operação em março de 2026. Já a linha 6-Laranja, iniciada há 16 anos e marcada por acidentes e investigações, deve começar a rodar de forma assistida no primeiro semestre do próximo ano
Também estão no radar o Túnel Santos-Guarujá, cuja assinatura do contrato deve reunir Tarcísio e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início de 2026, e o Trem Intercidades, que ligará São Paulo a Campinas e Jundiaí, com obras previstas apenas para maio de 2026, ao custo estimado de R$ 9,5 bilhões
A inauguração parcial do Rodoanel Norte, portanto, representa não apenas um avanço na infraestrutura viária paulista, mas também um capítulo central da estratégia política e administrativa do atual governo estadual.
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