A banda, que está desde 1995 na estrada, completa 20 anos rodando o País com turnê comemorativa / Divulgação
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Por Victória Simonato
Na estrada desde 1995, o CPM 22 está completando 20 anos de carreira. Com Badauí (vocal), Japinha (bateria), Luciano (guitarra), Heitor (baixo) e Phil (guitarra) na formação atual, a banda está rodando o Brasil com uma turnê comemorativa. Formada em Barueri, na Grande São Paulo, o grupo começou de forma despretensiosa e acabou abrindo as portas para uma nova geração de bandas brasileiras de rock.
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A banda, que de início se chamava apenas ‘CPM’, viu sua agenda de shows crescer, a cobrança por material novo aumentar e, com isso, a necessidade de fazer novas composições. Em 2005, eles chegaram a ter o single ‘Um Minuto Para o Fim do Mundo’ no topo das rádios nacionais. O resultado de tudo isso são duas décadas na estrada e muita história para contar.
“O CPM é uma banda muito batalhadora, adora trabalhar com música, adora rock, adora palco, adora fazer show, e mata um leão por dia, ou melhor, um leão por álbum”, afirma o baterista Ricardo Japinha, em entrevista ao Diário do Litoral.
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Ele conta que ‘sobreviver’ 20 anos não é uma tarefa fácil, e que, cabe a banda e ao rock se reinventarem sempre. “As mídias foram abraçadas por outros estilos e as bandas de rock não tiveram inovação na pegada. Nos anos 90 vinha uma galera bem forte, como Raimundos, Charlie Brown. Em 2000 a gente chegou, a Pitty chegou, Dead Fish, Detonautas e depois as coisas começaram a ficar mais mornas”.
Para o baterista, o estilo musical passa por um momento de certa ‘desvalorização’ e falta de investimento. “A MTV enfraqueceu, assim como a quantidade de rádios também diminuiu. Mesmo lá fora, o rock foi perdendo espaço. Hoje em dia, não tem bandas tão representativas. Antigamente tinha Green Day, Red Hot Chilli Peppers, Foo Fighters, Nirvana. Nos anos 2000 veio o Coldplay, o 30 Seconds to Mars, são bandas legais, mas que não tem a mesma representação dos anos 90”.
Além disso, para Japinha, o mercado musical se encontra em um momento muito complicado, com o ‘boom’ dos estilos de músicas mais populares, como funk, pagode e sertanejo. Para ele, por conseguirem arrecadar uma renda muita grande, outros estilos como o rock e até a própria MPB estão passando por dificuldades.
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“Esses novos segmentos geram muita renda, e é difícil vencer de dinheiro. Eles conseguem se espalhar bem, lançar novos artistas, e o dinheiro não para. Eles acabam abrangendo as mídias e os shows”.
‘Tocamos para 90 mil pessoas’
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O CPM já fez milhares de shows, porém, dentre esses, Japinha destaca que o que mais marcou a sua carreira foi tocar no Rock in Rio. “Foi a nossa melhor execução. Abrimos pra bandas internacionais. Pegamos um público que estava especificamente pelas bandas internacionais. Mas fomos ovacionados, elogiados pelo pessoal do Rock in Rio internacional. Foi muito bom”.
Quando questionado sobre o nervosismo, ele é sucinto: “Olha, fazia tempo que não ficava nervoso. Já tinha amortecido, mas quando tem uma ocasião especial dá um frio na barriga”.
Internet e streaming musical
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Ele também conta que a internet, apesar de ajudar, pode atrapalhar os músicos. “Hoje em dia está mais fácil você gravar um disco, um clip. Junta todo mundo na sala de casa e está feito. Antigamente tínhamos que batalhar mais”.
Em relação aos aplicativos de streaming musical, ele afirma que a maneira de produzir música acaba mudando também. “Já vi muitos produtores, falando ‘ah, não precisa ter tanto grave, tanto tamanho’. Eu sou ‘old school’, gosto da gravação gigante, com bastante peso, graves, agudos, o som da ‘batera’, mas a gente acaba caindo no que é mais prático”.
Japinha explica que, na hora da divulgação de uma música nova, os aplicativos acabam ajudando, mas, vendo pelo lado do estilo musical, ele acaba ‘desvalorizando’ o rock. “Você tem um menor retorno das gravadoras, e com isso, investe menos na divulgação, na TV, rádio, no marketing dos artistas, coisa que a gente tinha nos anos 90 e 2000. Dá uma enfraquecida no mercado e nas gravadoras e, consequentemente, nas bandas do cenário de rock”.
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Identificação com Santos
Desde que o CPM era uma banda independente, eles tocam na Cidade. O último show foi em 2015, porém, o histórico vem de muito antes. Ainda garotos, Japinha lembra que seu segundo show com o CPM foi em Santos, no já extinto, ‘Armazém 7’.
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“A gente tocou em quase todas as casas de Santos. Lembro do Bar do 3, da Capital, Portuários, People, na praia. Agora a gente vai tocar no Moby Dick, um lugar que nunca tocamos, menorzinha, mas, Santos é como se a fosse a nossa segunda cidade. Temos um carinho enorme”.
O baterista lembra o show mais marcante na Cidade. “Foi na Virada Cultural, ao ar livre, numa praça pública. Foi de graça e foi muito bom”.
Além disso, ele lembra com carinho os momentos que viveu quando frequentava as casas noturnas. “Toquei uma vez com o Champignon lá no Moby uma vez. A gente estava andando na praia, e fomos convidados pelo pessoal da ‘Mecanika’. Foi muito especial pra mim porque ele não está mais com a gente. Foi um momento marcante”.
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Sobre o show de amanhã, ele conta que o público pode esperar uma apresentação com os grandes sucessos da banda. “Quando tem show em Santos, a gente já vai animado, porque sabe que o show vai ser bom e que vamos ser bem recebidos”.
Serviço
O CPM 22 toca na casa noturna Moby Dick, que fica na Avenida Vicente de Carvalho, número 30, à partir das 19 horas. Os ingressos custam entre R$70 e R$140. Ingressos meia entrada válidos com a apresentação da carteirinha de estudante ou 01 agasalho no dia do evento.