Cotidiano

O que aconteceu com a ponte que "derreteu" e criou um mundo secreto no fundo do mar

Um fenômeno físico pouco conhecido na época fez o asfalto ondular como ondas do mar. Descubra a história por trás deste marco da engenharia

Nathalia Alves

Publicado em 29/12/2025 às 17:31

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Após um colapso cinematográfico, os escombros de aço no fundo do mar deram origem a um ecossistema surpreendente que agora luta para sobreviver. / Reprodução/Getty imagens

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Inaugurada em 1940, nos Estados Unidos, a Ponte Tacoma Narrows entrou para a história não como um símbolo de progresso, mas como um dos episódios mais marcantes de falha na engenharia civil. 

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Projetada para ser leve e de baixo custo, a estrutura começou a apresentar oscilações perigosas logo após sua abertura, comportamento que lhe rendeu o apelido de “Galloping Gertie”.

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Em 7 de novembro daquele mesmo ano, ventos considerados moderados foram suficientes para provocar um intenso movimento de torção. 

Em poucos minutos, a ponte entrou em colapso e desabou, em uma cena registrada em vídeo que correu o mundo e se tornou um dos registros mais famosos da história da engenharia. 

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Apesar da violência do acidente, não houve vítimas humanas; apenas um cachorro, que estava dentro de um carro abandonado, morreu no desmoronamento.

Dos escombros à vida marinha

Com o passar das décadas, os restos submersos da antiga ponte ganharam um novo papel. As estruturas afundadas acabaram se transformando em um recife artificial, servindo de abrigo para diversas espécies marinhas e criando um ecossistema inesperado a partir do desastre.

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No entanto, esse ambiente começou a apresentar sinais de degradação ao longo dos anos, em razão da pesca excessiva e de mudanças ambientais. 

Diferente de um fundo de mar arenoso e plano, os escombros da ponte criaram uma geometria complexa. As vigas de aço retorcidas ofereceram:

  • Abrigo contra correntes: O local tem correntes de maré muito fortes. Os vãos da ponte servem como "cavernas" onde os peixes podem descansar sem gastar energia.

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  • Superfície de fixação: Anêmonas gigantes, corais de água fria e esponjas grudaram nas ferragens, transformando o metal industrial em uma estrutura viva.

  • Cadeia Alimentar: Com a fixação de pequenos organismos, vieram peixes maiores, caranguejos e polvos.

O "mundo secreto" nos escombros tornou-se famoso entre mergulhadores por ser um dos principais habitats do Polvo-Gigante-do-Pacífico. As fendas criadas pelas placas de asfalto e vigas de aço da antiga ponte são os esconderijos perfeitos para esses animais, que podem chegar a tamanhos impressionantes.

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Atualmente, os destroços da Tacoma Narrows são considerados patrimônio histórico, e há discussões em andamento para que a área seja transformada em uma reserva marinha.

A proposta busca preservar não apenas a memória de um dos episódios mais emblemáticos da engenharia moderna, mas também a vida marinha que surgiu dos escombros de um dos maiores erros estruturais do século XX.

Erro técnico e mudança de paradigmas

As investigações apontaram que a queda foi causada por um fenômeno até então pouco compreendido: a vibração torsional autoexcitada, um tipo de instabilidade aerodinâmica. 

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O caso revelou falhas graves nos critérios de projeto adotados à época e marcou um ponto de virada no desenvolvimento de pontes suspensas.

A partir do desastre, manuais de engenharia foram revisados, e testes aerodinâmicos passaram a ser obrigatórios no planejamento de grandes estruturas. 

A lição aprendida com a queda da “Galloping Gertie” influenciou projetos em todo o mundo. Uma nova ponte, mais robusta e segura, foi inaugurada no mesmo local em 1950.

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