Os algarismos romanos foram criados para finalidades administrativas e cotidianas, como contar soldados, calcular impostos e registrar obras públicas / Freepik
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Apesar de terem legado estradas, aquedutos e uma vasta herança cultural, os romanos conviveram durante mais de mil anos sem conhecer um dos pilares da matemática moderna: o número zero. No sistema numérico utilizado pelo Império Romano — baseado em símbolos como I, V, X, L, C, D e M — não havia espaço para representar a ausência de quantidade.
Os algarismos romanos foram criados para finalidades administrativas e cotidianas, como contar soldados, calcular impostos e registrar obras públicas. Por isso, representavam apenas valores palpáveis. A noção de “nada” não fazia sentido dentro dessa lógica prática.
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Na Roma Antiga, bastava um espaço em branco para indicar a ausência de registro. O conceito de zero como número simplesmente não existia e tampouco parecia necessário.
O zero só seria reconhecido como valor numérico autônomo no século 7, na Índia, quando o matemático Brahmagupta passou a utilizá-lo em seus cálculos, representando-o por um pequeno ponto sob as cifras.
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A descoberta ganhou força no mundo árabe graças ao estudioso Al-Khwarizmi, que traduziu os tratados indianos em Bagdá. A partir dali, o conceito se espalhou pelo Oriente Médio e, mais tarde, chegou à Europa medieval, onde revolucionou a forma de calcular.
A introdução do zero foi determinante para o desenvolvimento do sistema decimal posicional, base da matemática que usamos até hoje. Sua adoção permitiu avanços em áreas como contabilidade, álgebra, engenharia e ciência moderna, transformando de forma definitiva a maneira como lidamos com números.
Curiosamente, enquanto os romanos erguiam impérios e construíam obras monumentais, viveram sem nunca escrever ou calcular com o zero. Seu sistema numérico persiste como símbolo histórico, mas, aos olhos da matemática contemporânea, carrega uma ausência que mudou o destino da ciência: a do nada que vale tudo.
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