Cotidiano
Pesquisadores de Princeton desenvolveram uma projeção que corrige erros de mais de 500 anos e apresenta uma das representações mais fiéis já feitas do globo terrestre
A nova projeção, desenvolvida pelos cientistas Richard Gott e David Goldberg, tem a aparência de um disco de vinil, em que cada lado representa um hemisfério / Portal Xataka
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Astrofísicos da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, apresentaram um novo modelo de mapa-múndi que promete ser o mais fiel à forma real da Terra já criado. O formato inovador reduz drasticamente as distorções tradicionais que ocorrem ao transformar a superfície esférica do planeta em um plano.
A nova projeção, desenvolvida pelos cientistas Richard Gott e David Goldberg, tem a aparência de um disco de vinil, em que cada lado representa um hemisfério — Norte e Sul. Segundo os pesquisadores, essa configuração minimiza erros e melhora a continuidade entre os continentes. “Não dá para fazer tudo perfeito.
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Um mapa é tão bom em certos aspectos quanto pode deixar a desejar em outros”, explicou Gott, reconhecendo que ainda há pequenas imperfeições.
O problema das distorções nos mapas é tão antigo quanto a própria cartografia. Desde os tempos de Aristóteles, no século IV a.C., já se sabia que a Terra era esférica, mas representar essa forma em um plano sempre foi um desafio. Nos séculos seguintes, com a expansão marítima e o surgimento de novas rotas comerciais, a precisão cartográfica tornou-se fundamental.
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No século XVI, o cartógrafo Gerardus Mercator desenvolveu uma projeção que ainda hoje serve de base para plataformas como o Google Maps. Embora preserve bem as formas dos países e oceanos, ela distorce os tamanhos, especialmente nas regiões próximas aos polos — o que faz, por exemplo, a Groenlândia parecer quase do tamanho da África.
Para avaliar a qualidade das projeções, Gott e Goldberg criaram, em 2007, o Sistema de Pontuação Goldberg-Gott, que mede seis tipos de distorção: formas locais, áreas, distâncias, flexão, assimetria e cortes. Quanto menor a pontuação, mais preciso é o mapa.
A tradicional projeção Winkel Tripel, criada em 1921 pelo cartógrafo alemão Oswald Winkel, era considerada a mais equilibrada, com 4.563 pontos. O novo mapa de Princeton, no entanto, reduziu o erro para 4.497 pontos, um avanço significativo em termos cartográficos.
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O grande diferencial da nova projeção é a continuidade — um dos pontos que mais geram distorções em mapas convencionais. Normalmente, o mapa é “cortado” no Oceano Pacífico, separando a Ásia e a Oceania das Américas. A solução dos pesquisadores foi representar o planeta em formato de disco duplo, em que o Equador funciona como uma borda contínua entre os hemisférios.
O resultado é um mapa esteticamente diferente e cientificamente mais fiel, que pode redefinir a forma como visualizamos o mundo — e até mesmo inspirar novas formas de ensino e navegação.