Cotidiano

O lugar que já foi cheio de vida e talvez nunca mais receberá um só passo humano

Cidade-fantasma desde 1986, Pripyat permanece como um dos maiores símbolos das consequências de um desastre nuclear

Isabella Fernandes

Publicado em 22/09/2025 às 14:01

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Por décadas, a cidade de Pripyat, localizada no norte da atual Ucrânia, foi um símbolo do progresso soviético. / Pexels/Wendelin Jacober

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Por décadas, a cidade de Pripyat, localizada no norte da atual Ucrânia, foi um símbolo do progresso soviético. Fundada em 1970, era uma cidade-modelo, construída para abrigar os trabalhadores da Usina Nuclear de Chernobyl e suas famílias.

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Em abril de 1986, tudo mudou: o que era uma cidade cheia de vida se transformou, em poucas horas, em uma zona de exclusão.

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No dia 26 de abril daquele ano, o Reator 4 da Usina de Chernobyl explodiu durante um teste de segurança mal executado. O acidente liberou uma quantidade massiva de radiação na atmosfera, considerada até hoje o pior desastre nuclear da história em tempos de paz.

Pexels/Wendelin Jacober
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Uma cidade que parou no tempo

Pripyat foi evacuada em apenas algumas horas no dia seguinte ao acidente. Cerca de 49 mil pessoas deixaram suas casas sem saber que jamais voltariam. Elas foram informadas de que seria uma medida temporária, por alguns dias apenas. Mais de 30 anos depois, a cidade permanece vazia.

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Por onde se anda, tudo parece congelado no tempo: escolas abandonadas, hospitais com prontuários abertos, bonecas largadas no chão de creches, quadros de avisos com datas de 1986. Um cenário real, sem retoques, que carrega o peso de uma tragédia invisível.

A zona de exclusão

Atualmente, Pripyat está dentro de uma zona de exclusão de 30 km ao redor da usina, criada para evitar a exposição da população à radiação. Embora a intensidade da radiação tenha diminuído com o tempo, muitas áreas continuam perigosas para ocupação permanente.

Alguns trechos ainda apresentam níveis altos de contaminação por isótopos radioativos como césio-137 e estrôncio-90, que possuem meias-vidas de décadas. Estimativas indicam que algumas regiões não serão seguras para habitação humana por centenas ou até milhares de anos, a depender do ponto exato.

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Visitas turísticas controladas

Desde a década de 2010, visitas turísticas à zona de exclusão foram autorizadas pelo governo ucraniano, sempre acompanhadas por guias certificados e com monitoramento constante dos níveis de radiação. Ainda assim, as visitas são curtas e restritas a áreas consideradas seguras.

Turistas usam dosímetros para medir a exposição e são proibidos de tocar objetos ou sentar no chão. A experiência atrai curiosos, pesquisadores e amantes da história, mas está longe de significar que a área é habitável novamente.

A natureza toma o lugar da cidade

Sem presença humana constante, a natureza avançou. Árvores crescem no meio de ruas asfaltadas, animais selvagens ocupam prédios abandonados e até espécies raras voltaram a aparecer na região.

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Lobos, ursos, alces, linces e cavalos selvagens habitam a zona de exclusão com relativa tranquilidade, o que chamou atenção de pesquisadores ao redor do mundo.

Mas essa "vida selvagem" não significa que o lugar seja seguro. Alguns desses animais apresentam alterações genéticas ou vivem menos. A ausência humana permitiu o retorno da fauna, mas sob condições biológicas ainda não totalmente compreendidas.

Um lugar marcado pela história

Chernobyl se tornou sinônimo de tragédia e um lembrete constante dos riscos da energia nuclear quando mal administrada. O sarcófago que cobre o reator acidentado foi substituído, em 2016, por uma estrutura metálica maior e mais segura, chamada de Novo Confinamento Seguro, que deve durar pelo menos 100 anos.

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Mesmo com avanços na contenção, o local continua impróprio para moradia. A cidade de Pripyat, vizinha à usina, permanece como um dos únicos lugares do planeta onde o tempo parece ter parado.

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