Cotidiano
A música, que é aposta de coro monumental no show deste sábado (20) em Praia Grande, tem origem curiosa em luto religioso e censura; entenda a história
Muita gente não sabe, mas a canção sertaneja 'Boate Azul' nasceu de uma tragédia no Vaticano / Gemini
Continua depois da publicidade
Quem garantiu o ingresso para ver Chitãozinho & Xororó e Leonardo no Kartódromo de Praia Grande neste sábado (20) já vai com uma expectativa certeira de cantar a plenos pulmões os grandes clássicos do sertanejo, como a provável e icônica "Boate Azul". Mas, o que muita gente não imagina, enquanto levanta o copo para cantar o refrão, é que esse hino da boemia nasceu de uma tragédia no Vaticano.
A história nos leva a 1963, na cidade de Apucarana, Paraná. O compositor Benedito Seviero estava no local para uma apresentação quando a notícia da morte do Papa João XXIII interrompeu tudo.
Continua depois da publicidade
Com o luto oficial, o show foi cancelado, mas o público, já "instalado" na boate, se recusou a ir embora. Foi observando aquela cena melancólica de pessoas tentando afogar a frustração em meio ao luto religioso que os versos sobre procurar um "remédio na vida noturna" ganharam vida.
No entanto, a canção quase ficou esquecida nas gavetas da história. Durante a ditadura militar, "Boate Azul" foi censurada e proibida de ser gravada por quase 20 anos, sendo liberada apenas na década de 80, ganhando o país primeiro com o trio Amantes do Luar e, depois, explodindo com Joaquim & Manuel.
Continua depois da publicidade
Desde então, "Boate Azul" se tornou uma das obras brasileiras mais regravadas da história, com mais de mil versões catalogadas em cerca de 80 idiomas, incluindo traduções na Europa e América do Norte.
Embora o setlist oficial dos artistas seja sempre uma surpresa, a faixa é considerada uma "unanimidade" em encontros desse porte, sendo o combustível perfeito para o ápice da noite no Estação Verão Show.
Se os gigantes do sertanejo decidirem evocar esse clássico hoje em Praia Grande, o público não estará apenas ouvindo um "modão", mas sim uma obra que sobreviveu à censura e nasceu de um dos dias mais tristes da Igreja Católica. É o tipo de curiosidade que torna a experiência do show ainda mais rica para quem vai curtir a abertura da temporada no litoral paulista.
Continua depois da publicidade