Cotidiano
Comemorada em 12 de outubro, a data nasceu de um congresso em 1923, foi oficializada em 1924 e ganhou força com campanhas publicitárias nos anos 1950
O Dia das Crianças, celebrado em 12 de outubro, é hoje uma das datas mais queridas do calendário brasileiro, sinônimo de presentes, alegria e lembranças afetivas / Michael Morse/Pexels
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O Dia das Crianças, celebrado em 12 de outubro, é hoje uma das datas mais queridas do calendário brasileiro, sinônimo de presentes, alegria e lembranças afetivas. Mas por trás dos brinquedos e das promoções comerciais, há uma história que mistura política, educação, marketing e direitos da infância.
A data foi escolhida em 1923, durante o Congresso Sul-Americano da Criança, realizado no Rio de Janeiro, então capital federal. O encontro reuniu educadores, médicos e autoridades de vários países para debater temas como educação, saúde e desenvolvimento infantil, marcando o início das discussões sobre a proteção à infância no continente.
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No ano seguinte, o deputado Galdino do Valle Filho apresentou um projeto de lei para oficializar a celebração. A proposta foi aprovada e o então presidente Artur Bernardes sancionou o Decreto nº 4.867, em 5 de novembro de 1924, instituindo o 12 de outubro como o Dia da Criança em todo o território nacional.
Durante décadas, a comemoração passou quase despercebida. Foi só entre os anos 1950 e 1960 que o Dia das Crianças se consolidou — e o motivo não foi político, mas comercial.
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A fabricante de brinquedos Estrela e a empresa Johnson & Johnson criaram grandes campanhas para associar o 12 de outubro à infância e ao consumo de brinquedos.
Em 1955, a Estrela lançou a campanha 'Semana do Bebê Robusto', para promover um boneco de rosto rechonchudo. Já a Johnson & Johnson lançou o famoso “Concurso Bebê Johnson”, que premiava fotos de bebês entre 6 meses e 2 anos de idade.
As ações foram um sucesso e transformaram a data em um fenômeno comercial. Desde então, o Dia das Crianças se tornou um dos principais impulsionadores de vendas no varejo brasileiro, especialmente no setor de brinquedos.
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Apesar do apelo comercial, o significado original do Dia das Crianças permanece atual: refletir sobre as condições de vida, o bem-estar e os direitos da infância.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lembra que o 12 de outubro deve ser um convite à reflexão sobre o cuidado e a proteção das crianças.
'Mais do que presentes, neste dia seja presença afetuosa com as crianças de sua família', recomenda a entidade, reforçando que carinho, convivência e atenção são os maiores presentes que se pode oferecer.
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A celebração à infância é universal, mas cada país escolheu seu próprio dia.
Em 1925, a Conferência Mundial para o Bem-Estar da Criança, realizada em Genebra (Suíça), instituiu o 1º de junho como Dia Internacional da Criança — adotado por países como Portugal, China, Polônia, Eslovênia e Angola.
Já a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece o 20 de novembro como o Dia Mundial da Criança, em referência à aprovação da Declaração Universal dos Direitos da Criança, em 1959.
Outros países têm tradições próprias:
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Japão: celebra as meninas em 3 de março e os meninos em 5 de maio;
Argentina: comemora no segundo domingo de agosto;
África do Sul: no primeiro sábado de novembro;
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Hungria: no último domingo de maio;
Austrália: na última quarta-feira de outubro.
Embora o Dia das Crianças seja celebrado em 12 de outubro, o feriado nacional se deve à Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, instituído pela Lei Federal nº 6.802, de 30 de junho de 1980.
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Assim, o dia acabou reunindo duas comemorações emblemáticas: a religiosa e a infantil, que juntas se tornaram símbolo de união familiar e celebração nacional.
Quase um século após sua criação, o Dia das Crianças segue com dupla identidade: data de reflexão e carinho, e também motor do comércio e da nostalgia.
Entre presentes e abraços, a essência continua a mesma, celebrar a infância em toda a sua alegria, inocência e direito de sonhar.
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