O forno da fábrica foi construído com material refratário, projetado para suportar calor intenso / Divulgação/Governo do Paraná
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A Ambev colocou em operação uma nova fábrica de vidro em Carambeí, no interior do Paraná, com uma característica que chama atenção até fora do setor industrial: o principal forno da unidade permanecerá aceso de forma contínua por cerca de 20 anos.
O equipamento, ligado em outubro de 2024, é considerado o coração da planta e só deverá ser desligado após 2040, quando passará por um processo completo de reconstrução.
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A decisão está ligada à estratégia de reduzir custos, aumentar a eficiência e verticalizar a produção de embalagens da companhia.
O forno opera em temperaturas extremamente elevadas e, caso o fogo seja apagado, o vidro em seu interior pode solidificar, comprometendo de forma irreversível a estrutura do equipamento.
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O forno da fábrica foi construído com material refratário, projetado para suportar calor intenso por longos períodos.
A operação ininterrupta é necessária para garantir a integridade do processo, já que o equipamento tem capacidade para cerca de 400 toneladas de vidro.
Segundo a empresa, o funcionamento contínuo não traz impactos ambientais adicionais. A unidade é abastecida integralmente por energia elétrica de fontes renováveis, enquanto o forno utiliza gás natural e conta com sistemas específicos para tratamento dos gases emitidos durante a produção.
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A nova planta recebeu investimento de R$ 1 bilhão e representa um avanço relevante na autonomia da Ambev na fabricação de vidro. Antes, a empresa concentrava esse tipo de produção no Rio de Janeiro e complementava a demanda com fornecedores externos.
O projeto foi anunciado em 2021, período em que a procura por embalagens de vidro cresceu de forma significativa.
Atualmente, a fábrica do Paraná, junto com a unidade fluminense, será responsável por atender entre 50% e 60% da demanda interna da companhia. O restante segue sendo adquirido de fornecedores parceiros, estratégia mantida para acompanhar o crescimento da empresa.
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A fábrica de Carambeí opera 24 horas por dia e ocupa uma área equivalente a cerca de 60 campos de futebol. São três linhas de produção dedicadas exclusivamente às garrafas verdes utilizadas por marcas como Stella Artois e Spaten.
Cada linha produz, inicialmente, cerca de 450 garrafas por minuto, totalizando 1.350 unidades por minuto. A expectativa é alcançar a marca de 600 milhões de garrafas por ano até 2026, o que representa aproximadamente 1 milhão de unidades por dia.
Apesar de ter capacidade técnica para fabricar garrafas de outras cores, como âmbar ou transparente, a planta foi projetada para manter apenas a produção de vidro verde.
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A mudança de cor exigiria paradas prolongadas de até 20 dias, com geração de refugos e perdas significativas, o que tornaria o processo menos eficiente.
Com a nova unidade, a fábrica do Rio de Janeiro passou a concentrar a produção de garrafas âmbar, enquanto Carambeí abastece todas as cervejarias da Ambev que utilizam garrafas verdes.
A planta paranaense já nasceu com espaço reservado para expansão. O projeto prevê a possibilidade de instalação de um segundo forno e a inclusão de mais três linhas de produção, o que permitiria dobrar a capacidade da unidade, conforme a evolução da demanda.
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Outro destaque é o uso de vidro reciclado. Atualmente, cerca de 40% da matéria-prima utilizada é composta por cacos reaproveitados, o que contribui para a redução de aproximadamente 10% no consumo de energia e combustível.
O desafio, segundo a empresa, é garantir o fornecimento contínuo desse material para manter a operação sem interrupções.
Com a nova fábrica, a Ambev consolida Carambeí como um polo estratégico na produção de embalagens, unindo escala industrial, planejamento de longo prazo e práticas voltadas à eficiência e sustentabilidade.
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