Cotidiano
A pesquisa analisou dados de mais de 160 mil pessoas de 40 países, comparando como diferentes fatores de estilo de vida a condições sociais influenciam o envelhecimento
Enquanto a Dinamarca investe em políticas integradas de bem-estar, muitos países ainda enfrentam lacunas em áreas como habitação, lazer, segurança alimentar e saúde pública / Freepik
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O desejo de frear o tempo está cada vez mais presente no século XXI, em meio a cremes, dietas e fórmulas que prometem juventude. Mas, enquanto muitos países enfrentam os desafios de uma população que envelhece rapidamente, a Dinamarca desponta como um caso singular: segundo um estudo publicado na Nature Medicine, é o país com o envelhecimento mais lento do planeta.
A pesquisa analisou dados de mais de 160 mil pessoas de 40 países, comparando como diferentes fatores — de estilo de vida a condições sociais — influenciam o envelhecimento. O resultado surpreendeu: os dinamarqueses aparentam ser, em média, 2,35 anos mais jovens do que sua idade cronológica.
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Na outra ponta, o Egito ficou em último lugar: sua população tem uma idade biológica em média 4,75 anos superior à cronológica.
O envelhecimento não depende apenas de alimentação equilibrada, exercícios físicos e hábitos saudáveis. O estudo mostrou que forças sociais, ambientais e políticas também pesam.
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De acordo com o professor Morten Scheibye-Knudsen, da Universidade de Copenhague, “este estudo redefine o envelhecimento como produto não apenas da biologia e dos hábitos de vida, mas também de forças ambientais e sociopolíticas mais amplas”.
Isso significa que políticas públicas voltadas para bem-estar, igualdade social e saúde mental podem retardar significativamente o envelhecimento.
Fatores como solidão, estresse crônico e depressão aceleram o envelhecimento físico e cognitivo. Em contrapartida, países que investem em políticas de envelhecimento ativo, apoio social, moradia digna e espaços de convivência tendem a apresentar taxas mais baixas de declínio cognitivo e melhores indicadores de saúde mental.
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Além da já conhecida cultura do hygge — conceito que valoriza bem-estar e simplicidade —, a Dinamarca se destaca por fatores estruturais:
Alta igualdade social, com baixo índice de desigualdade.
Instituições fortes e alto nível educacional.
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Qualidade do ar e infraestrutura urbana adaptada para o envelhecimento.
Proteção social robusta: cerca de 28,3% do PIB é destinado a políticas sociais.
Baixa taxa de desemprego (2,5%).
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Equilíbrio entre vida pessoal e profissional, com jornadas de trabalho reduzidas (37 horas semanais).
Essas condições criam um ambiente que favorece tanto a saúde física quanto a mental, refletindo em um envelhecimento mais saudável.
Enquanto a Dinamarca investe em políticas integradas de bem-estar, muitos países ainda enfrentam lacunas em áreas como habitação, lazer, segurança alimentar e saúde pública. Para especialistas, garantir envelhecimento saudável vai além da responsabilidade individual — é também uma questão de projeto coletivo e político.
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Em outras palavras, envelhecer bem não depende apenas de cuidar de si, mas de viver em uma sociedade que cuida dos seus cidadãos.
O estudo traz uma reflexão importante: se o envelhecimento é também um reflexo das condições sociais e políticas, cabe aos países investir em igualdade, saúde e qualidade de vida para que suas populações não apenas vivam mais, mas vivam melhor.