Cotidiano

'Nem animal é tratado assim', diz homem que perdeu irmão após operação no Rio

Os corpos, muitos com sinais de execução, foram reunidos na Praça São Lucas antes de serem levados ao IML

Nathalia Alves

Publicado em 29/10/2025 às 13:16

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Os corpos foram reunidos na Praça São Lucas, na zona norte do Rio de Janeiro / Tomaz Silva/Agência Brasil

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O governo do Rio de Janeiro iniciou, nesta quarta-feira (29), um processo de identificação de corpos resultantes da Operação Contenção, realizada na terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão. 

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Entre os familiares que aguardam do lado de fora do necrotério, o clima é de revolta e desespero. Um homem que preferiu não se identificar afirmou à Agência Brasil ter encontrado o corpo do irmão em condições degradantes.

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“Largaram ele lá, sem roupa. Nem animal é tratado assim. Não importa o que a pessoa fez, ninguém merece isso”, disse.

Outra moradora, viajou de Arraial do Cabo para reconhecer o corpo do pai de sua filha de um ano e três meses. Ela contou à Agência Brasil que a última conversa com ele aconteceu durante a operação.

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“Ele mandou mensagem dizendo que estava encurralado e que não sabia se ia aguentar. Disse que tinha muita gente ferida perto dele. Depois disso, o celular ficou mudo”, relatou.

Horas mais tarde, Vitor foi encontrado morto, com marcas de tiros na perna e no pé.

Corpos reunidos em praça

Familiares das vítimas foram orientados a comparecer ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RJ), ao lado do Instituto Médico Legal (IML), no centro da capital, onde é feito o cadastramento para o reconhecimento.

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Os corpos, muitos com sinais de execução, foram reunidos na Praça São Lucas antes de serem levados ao IML. Ainda não há previsão para liberação das vítimas.

Segundo informações de órgãos estaduais, o número de mortos pode ser maior do que o divulgado inicialmente. Além das 64 mortes confirmadas no balanço oficial, equipes de resgate recolheram mais de 70 corpos em áreas de mata no Complexo da Penha durante a madrugada.

A operação mais letal em anos

A Operação Contenção, deflagrada por 2,5 mil policiais civis e militares, é considerada uma das mais letais da história recente do estado. O objetivo, segundo o governo, era conter a expansão territorial do Comando Vermelho e capturar lideranças da facção.

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Enquanto autoridades classificam a ação como necessária para “retomar o controle de áreas dominadas pelo crime”, familiares e organizações de direitos humanos questionam o número de mortos e denunciam a falta de transparência na condução das investigações.

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