Cotidiano

Namorar 'feios' está na moda? Entenda o fenômeno do 'shreking' entre jovens

A lógica, no entanto, levanta debates importantes sobre os rumos das relações afetivas, sobretudo entre jovens da geração Z

Ana Clara Durazzo

Publicado em 12/09/2025 às 11:00

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O nome vem da animação Shrek (2001), na qual a princesa Fiona escolhe viver ao lado do ogro, rejeitado pelos demais personagens por sua aparência / Divulgação

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Um novo termo vem ganhando espaço nas redes sociais e despertando o interesse de especialistas: shreking. Inspirada no personagem Shrek, a expressão descreve a escolha de se envolver com alguém considerado 'menos atraente', partindo da expectativa de receber mais carinho, fidelidade ou reduzir riscos de traição e términos inesperados.

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A lógica, no entanto, levanta debates importantes sobre os rumos das relações afetivas, sobretudo entre jovens da geração Z.

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Do ogro ao afeto: como surgiu o termo

O nome vem da animação Shrek (2001), na qual a princesa Fiona escolhe viver ao lado do ogro, rejeitado pelos demais personagens por sua aparência. Se no filme a escolha se dá por afeto genuíno, nas redes sociais o conceito ganhou outra interpretação: a ideia de que relacionamentos com parceiros considerados “menos atraentes” podem oferecer maior estabilidade.

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Especialistas alertam para riscos emocionais

Para Cláudio Paixão, doutor em psicologia social e professor da UFMG, basear relações apenas no medo de traição ou em cálculos de risco pode fragilizar os vínculos.

'Quando o relacionamento é construído pela conexão, a aparição de alguém mais atraente não necessariamente o abala. Mas, quando se valoriza o medo em lugar da ligação genuína, o risco de comprometimento aumenta', explica.

Ele ainda relaciona a popularidade do termo à pandemia, que limitou interações presenciais justamente durante a fase formativa da geração Z.

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O 'shreking' pode ser uma resposta de segurança afetiva. Essa geração ficou muito tempo presa ao mundo virtual, e hoje mostra maior ansiedade em relação a vínculos reais', completa.

Um velho padrão com novo nome

Segundo Renata de Azevedo, psicóloga especialista em relacionamentos e terapia de casal pela UFRJ, o fenômeno não é exatamente novo.

'O que a geração Z fez foi dar um rótulo a algo que sempre existiu: a avaliação do ‘valor percebido’ do parceiro no contexto social. A diferença é que, com as redes sociais, essa lógica ficou explícita e amplificada', afirma.

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Renata ressalta que, em um ambiente de hiperexposição, as fronteiras sobre o que é traição ficam borradas. 'Curtidas, comentários ou mensagens diretas podem ser interpretadas como ameaça, e isso leva à busca por estratégias de segurança, como o shreking'.

Aparência não garante fidelidade

A crença de que parceiros com 'menos opções' seriam mais fiéis não encontra respaldo científico. Pelo contrário: discrepâncias grandes no 'valor percebido' aumentam os riscos de insatisfação, controle e conflitos.

'Escolher parceiros por medo geralmente revela fragilidades internas. No consultório, esse padrão aparece em casais que se uniram por conveniência emocional, mas com o tempo o que parecia seguro se transforma em frustração e solidão', explica Renata.

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Caminhos para relações mais saudáveis

Para os especialistas, a saída está em fortalecer a autoestima e a autoconfiança, permitindo que os vínculos sejam construídos sobre desejo, compatibilidade e acordos claros.

No fim das contas, o shreking mais do que uma moda, reflete ansiedades típicas de uma geração exposta à hiperconexão digital e às comparações constantes.

Uma tendência que, apesar do nome curioso, abre discussões sérias sobre como o amor vem sendo vivido na era das redes sociais.

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