Cotidiano
A construção, iniciada em 2022, está orçada em US$ 33 bilhões (R$ 179,8 bilhões) e promete transformar o país em um modelo de urbanismo verde e tecnológico
O projeto foi desenhado para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, estimular o transporte coletivo sustentável e oferecer qualidade de vida superior aos moradores / Freepik
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Reconhecida como a cidade que mais afunda no mundo, Jacarta, atual capital da Indonésia, começa a dar lugar a um projeto sem precedentes: a construção de uma nova capital no meio da floresta. Batizada de Nusantara, a cidade foi idealizada para ser um símbolo de inovação, sustentabilidade e modernidade, contrastando com os problemas de poluição, congestionamentos e riscos ambientais da metrópole atual.
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Jacarta, capital desde os tempos coloniais holandeses, no século XVII, enfrenta uma crise sem volta. Atualmente, 40% da cidade já está abaixo do nível do mar, cenário que se agrava com o aumento da poluição, a pressão demográfica e os efeitos das mudanças climáticas.
Para o presidente Joko Widodo, a transferência da capital é um passo histórico:
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'A capital Nusantara é uma tela onde o futuro é criado. Nem todos os países têm a oportunidade e a capacidade de construir sua capital do zero'.
A construção, iniciada em 2022, está orçada em US$ 33 bilhões (R$ 179,8 bilhões) e promete transformar a Indonésia em um modelo de urbanismo verde e tecnológico.
Nusantara está sendo erguida para rivalizar em escala com grandes metrópoles mundiais. Com área equivalente ao dobro do tamanho de Nova York, a nova capital terá mais de 60% do território destinado a espaços ecológicos, como trilhas, ciclovias e áreas verdes.
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O projeto foi desenhado para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, estimular o transporte coletivo sustentável e oferecer qualidade de vida superior aos moradores, em uma ruptura total com o caos urbano de Jacarta.
Segundo o governo, cerca de 1,9 milhão de pessoas devem ser transferidas para a nova capital até 2045. O processo começa já em setembro, com a mudança de 10 mil funcionários públicos, que inaugurarão as torres residenciais erguidas para o projeto.
Apesar da grandiosidade, a iniciativa enfrenta resistência. Moradores questionam a infraestrutura ainda incompleta e os desafios sociais. 'A infraestrutura ainda não está pronta. Para qual escola vou mandar meu filho? Há atividades disponíveis para eles? E entretenimento?', declarou um pai, em entrevista à BBC.
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Outro ponto polêmico é que as novas moradias oferecem apenas apartamentos de três quartos, obrigando solteiros e pessoas sem família a dividir espaço.
Enquanto investidores estrangeiros são atraídos com incentivos, incluindo direitos de posse da terra por até 190 anos, o governo corre contra o tempo para consolidar Nusantara como vitrine de uma nova Indonésia.
O projeto, ao mesmo tempo em que desperta esperança, levanta dúvidas sobre viabilidade social, custos e adaptação da população.
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Entre o otimismo governamental e a desconfiança dos moradores, Nusantara nasce como uma das maiores apostas urbanísticas do século, simbolizando a tentativa de um país de reinventar seu futuro diante da ameaça de perder sua capital histórica para o mar.