Cotidiano

Na cidade mais alta do mundo, moradores mal chegam aos 35 anos

Com população estimada entre 30 mil e 50 mil pessoas, a comunidade nasceu da corrida do ouro e hoje simboliza, em meio à precariedade, os extremos da vida em condições inóspitas

Ana Clara Durazzo

Publicado em 28/08/2025 às 11:45

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Apelidada de 'paraíso do diabo', La Rinconada impressiona pela ausência quase total de infraestrutura / Divulgação

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Localizada a 5.100 metros de altitude nos Andes peruanos, La Rinconada ostenta o título de cidade habitada mais alta do planeta. Com população estimada entre 30 mil e 50 mil pessoas, a comunidade nasceu da corrida do ouro e hoje simboliza, em meio à precariedade, os extremos da vida em condições inóspitas.

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Ouro em meio ao abandono

Apelidada de 'paraíso do diabo', La Rinconada impressiona pela ausência quase total de infraestrutura: não há água encanada, esgoto, coleta de lixo, hospitais ou estradas asfaltadas.

A economia local depende da mineração informal, no sistema chamado cachorreo — em que trabalhadores não recebem salário, mas podem ficar com parte do ouro extraído. A prática, no entanto, cobra um preço alto. A separação do metal exige o uso intensivo de mercúrio, contaminando solo, ar e água.

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O impacto ambiental é profundo, e os efeitos sobre a saúde da população são devastadores. A expectativa de vida entre os mineradores cai para apenas 30 a 35 anos, pouco mais da metade da média nacional do Peru.

O fardo da altitude extrema

Viver a mais de cinco mil metros do nível do mar significa respirar ar com cerca de 50% menos oxigênio. Esse déficit provoca o chamado mal de montanha crônico, cujos sintomas incluem fadiga, dores de cabeça, insônia e perda de apetite.

Estima-se que até 20% dos habitantes sofram da condição. O corpo reage produzindo níveis muito elevados de hemoglobina — frequentemente acima de 20 g/dL — e aumentando a massa sanguínea. Embora ajude na sobrevivência, a adaptação impõe desgaste ao coração e aos pulmões, elevando o risco de doenças graves.

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Contaminação e violência

A mineração artesanal em La Rinconada está associada a acidentes de trabalho, exploração e violência frequente. Facções disputam territórios, enquanto a exposição constante ao mercúrio contamina crianças, idosos e até fontes de água glaciais.

Um retrato de contradições

Apesar das adversidades, milhares continuam migrando para a cidade em busca da promessa de riqueza. Crianças são vistas nas minas, o contrabando prospera e a sobrevivência depende de estratégias à margem de qualquer regulamentação formal.

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Em La Rinconada, a resistência humana convive com o abandono estrutural. É um lugar onde se respira menos ar, mas nunca falta esperança, ainda que ela venha sempre acompanhada de risco.

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