Cotidiano
O local se tornou palco de descobertas científicas únicas, tragédias marcantes e disputas de recorde na espeleologia mundial
. Pesquisadores identificaram mais de 20 espécies desconhecidas vivendo em isolamento completo, adaptadas a temperaturas entre 4°C e 7°C, pressão extrema e ausência de luz. / Wikimedia Commons
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Localizada na região da Abecásia, no Cáucaso, a Caverna Veryovkina foi considerada por anos a mais profunda conhecida da Terra, com 2.212 metros de profundidade. Mais do que um marco geográfico, o local se tornou palco de descobertas científicas únicas, tragédias marcantes e disputas de recorde na espeleologia mundial.
A entrada da Veryovkina foi identificada em 1968 por espeleólogos russos, mas só em 1986 as explorações avançaram até 440 metros. Décadas depois, em 2015, o grupo Perovo-Speleo iniciou expedições regulares que quebraram sucessivos recordes.
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O ponto máximo veio em março de 2018, quando o time atingiu a marca de 2.212 metros, superando por pouco a rival Caverna Krubera.
A caverna recebeu o nome em homenagem a Alexander Veryovkin, espeleólogo que morreu tragicamente em 1983 durante uma expedição.
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As maiores surpresas da Veryovkina não vieram da geologia, mas da biologia. Pesquisadores identificaram mais de 20 espécies desconhecidas vivendo em isolamento completo, adaptadas a temperaturas entre 4°C e 7°C, pressão extrema e ausência de luz.
Entre os organismos descobertos estão sanguessugas resistentes à escuridão, pseudoescorpiões de sentidos aguçados, centopeias adaptadas e microorganismos capazes de sobreviver sem fotossíntese. Grande parte da biodiversidade se concentra nos lagos subterrâneos conhecidos como “Última Parada do Capitão Nemo”.
Em 2021, a Veryovkina foi palco de uma descoberta trágica: o corpo mumificado de Sergey Kozeyev, turista de 37 anos que havia desaparecido meses antes, foi encontrado a 1.100 metros de profundidade.
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Sem experiência profissional em espeleologia, ele tentou descer sozinho, com equipamentos inadequados, violando protocolos básicos de segurança. A operação de resgate levou duas semanas e mobilizou dezenas de especialistas, que alertaram ainda para riscos sanitários, já que as águas subterrâneas abastecem cidades da região de Gagra.
O grupo Perovo-Speleo segue investigando passagens inexploradas e acredita que tanto a Veryovkina quanto a Krubera podem esconder profundidades ainda maiores. Para os cientistas, o Cáucaso continua sendo um dos territórios mais enigmáticos do planeta, onde cada descida pode revelar novos segredos do subsolo terrestre.
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