25 de Abril de 2024 • 19:22
Cia. 5 propõe uma transposição ao universo de Clarice Lispector, costurando de forma não linear, fragmentos de diversos textos e personagens da escritora / Rodrigo Montaldi/DL
Histórias com enredos e linguagens distintas que acontecem simultaneamente em diversos cômodos de uma casa. Em comum, a adaptação pessoal por parte dos artistas dos contos de Clarice Lispector. A proposta irreverente da Cia. 5 é justamente usar as palavras e a vida da autora como ponto de partida para encontrar a identidade do próprio grupo no espetáculo ‘Já que sou, o jeito é ser’, que começou neste final de semana uma temporada em Santos com o objetivo de arrecadar fundos para uma apresentação no Fringe, um dos mais importantes festivais de artes cênicas do Brasil.
O trecho do clássico ‘A hora da estrela’ dá nome e norte por experimento cênico musical, furto de um grupo híbrido, composto por artistas das mais diferenças vertentes: dança, teatro, artes visuais, música e linguagem cinematográfica. O espetáculo é também uma homenagem a obra da escritora naturalizada brasileira, que nasceu na Ucrânia em 1920 e morreu há 40 anos.
“No início do projeto a busca da companhia era justamente se encontrar, descobrir qual era a identidade do nosso grupo. Nessa busca nos deparamos com os textos e toda a poética existente na literatura de Clarice Lispector. Esse trecho especificamente mexeu muito conosco, enquanto grupo, pois nos questiona a sermos e nos apresentarmos exatamente como somos para um público que também é diferente entre si”, pondera Eduardo Ferreira, ator e diretor do espetáculo.
Em cena, o grupo propõe uma transposição ao universo de Clarice Lispector, costurando de forma não linear, fragmentos de diversos textos e personagens da escritora. O espetáculo acontece nos cômodos de uma casa, onde o espectador se depara a vida cotidiana. Em cada ambiente são vividas e encenadas, de forma simultânea, cenas da vida cotidiana, onde o espectador deixa de ser plateia, e junto da atmosfera da casa experimenta o conflito ficção/realidade.
“Clarice dizia que existem inúmeras gavetas da memória da imaginação. Algumas podem ser abertas e outras não e isso sempre mexeu comigo. Sou arquiteto e minha cena tem a ver com o que sou e com a minha memória pessoal com Clarice. O desenho feito, ao final, deixa claro que ele tem um pouco de cada cena”, pondera o ator Rodrigo Santana.
Dança
Contemplada com o programa de Qualificação em Dança do Governo do Estado de São Paulo no ano de 2016, a Cia 5 vem desenvolvendo apresentações, ensaios abertos e video-danças ao logo do ano.
“Somos uma companhia híbrida e essa mescla de múltiplas linguagens nos auxilia e nos completa como artistas. Cada cena tem uma movimentação, seja ela musicalizada ou não”, finaliza a atriz e diretora Angélica Evangelista
Grupo busca apoio para apresentação em Curitiba
Selecionada para participar do Festival de Teatro de Curitiba (Fringe), um dos mais importantes do Brasil, a Cia 5 busca apoio para os custos da viagem, que acontece em março. Uma das estratégias é a realização de uma curta temporada que começou ontem e segue até o dia 19 de fevereiro, em Santos.
As apresentações acontecem na Rua José Caballero, 49, no Gonzaga, sempre aos sábados e domingos, a partir das 19h. Os ingressos podem ser adquiridos por R$20 e toda a renda arrecadada será revertida para a compra de passagens, alimentação e hospedagem do grupo, que não conta com outros patrocínios para a viagem.
“Através do programa de qualificação em artes nós fomos convidados para participar do Fringe, que além de ser um importante festival é também uma vitrine muito importante para mostrarmos nosso trabalho, como fazedores de artes de Santos. Com a temporada não estamos buscando lucro e sim levantar apenas o valor necessário para as despesas da viagem”, pondera Eduardo.
A apresentação no Fringe será realizada no dia 31 de março em duas sessões: 19h e 21h no Teatro Fernanda Montenegro.
Santos
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