Cotidiano

MP investiga troca entre Câmara e Assembleia de São Paulo

A investigada é a ex-assessora parlamentar Erika Roberta Pimentel Alves Corrêa, ex-esposa do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PEN)

Carlos Ratton

Publicado em 08/02/2018 às 11:49

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Baseado em reportagem do Diário do Litoral do final do ano passado (entenda abaixo) e na denúncia de um cidadão, o 14º promotor de Justiça de Santos, Eduardo Antônio Taves Romero, instaurou inquérito civil para apurar eventual troca irregular entre a Câmara de Santos e a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). A investigada é a ex-assessora parlamentar Erika Roberta Pimentel Alves Corrêa, ex-esposa do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PEN). Ela trabalhava para o presidente da Casa, vereador Adilson dos Santos Júnior (PTB), mas foi exonerada um dia após a reportagem ter sido publicada. Erika será ouvida pela Promotoria no próximo dia 20.

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Segundo o denunciante, Erika não comparecia à Câmara e sua ­contratação seria uma forma de Adilson Júnior retribuir favor a Paulo Correa que, por sua vez, teria lotado em seu gabinete, ano passado, o motorista do presidente, Osvaldo Luis Costa Neves. Logo após a reportagem, Neves se tornou assessor técnico II, na ­Secretaria de ­Serviços Públicos de Santos. A portaria foi assinada e publicada pelo prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) no dia 09 de ­outubro último e Neves atua na Zona ­Noroeste.        

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Eduardo Taves Romero já solicitou à Érika Corrêa cópia da certidão de casamento, informações sobre quais eram suas funções e atribuições; provas documentais de sua contratação; de sua frequência; qualificação completa e duas testemunhas que prestava serviços ao Legislativo. À Câmara, solicitou a portaria de sua nomeação, quais eram seus superiores e subordinados, além de ficha funcional.

Entenda:
Presidente da Câmara de Santos ‘bate-boca’ com o Diário do Litoral
Motorista de Adilson Jr. vira comissionado na Prefeitura

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Ano passado

A troca de funcionários entre o presidente e o deputado foi descoberta por uma denúncia anônima e conferida no Portal da Transparência. Após checar as informações com funcionários da Câmara, a Reportagem foi hostilizada por Adilson Júnior, que chegou a ameaçar demitir os subordinados. O presidente chegou também a negar que Osvaldo Neves seria seu motorista, embora fotos e depoimentos tivessem confirmado que o ex-funcionário da Alesp prestava serviços diários ao gabinete do vereador santista.

“Você tem prova. Se eles falaram que ele (Osvaldo) é meu motorista, ponho os dois amanhã na rua. O nome deles vai sair no Diário Oficial e serão dois pais de família que perderão o emprego por sua culpa (culpa do repórter). Pense bem nisso antes de publicar”, disse exaltado ano passado Adilson Júnior. Depois, oficialmente, informou via Assessoria que Osvaldo Neves frequentava o gabinete articulando as demandas junto ao deputado Paulo Corrêa.

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Licença e extensão

Na época da reportagem, conforme confirmado por dois funcionários do Gabinete e pelo próprio Adilson Júnior (os nomes foram preservados), Erika Corrêa estava de licença maternidade. Osvaldo Neves teve seu nome confirmado como ‘funcionário’ do vereador. Na Alesp, uma funcionária do Gabinete de Paulo Corrêa disse que o ‘motorista’ estaria em Santos, numa extensão do gabinete do deputado. Na ocasião, o Diário conversou informalmente com alguns funcionários e frequentadores da Câmara que praticamente foram unânimes em dizer que Osvaldo Neves era visto em todas as sessões, no estacionamento e outras dependências da Casa Legislativa, em vários ­horários.

A Reportagem chegou a flagrá-lo no plenário, nos corredores e no auditório da Câmara, inclusive, ele saindo com a equipe de Adilson Júnior em horário de almoço. Há fotos dele com o vereador nas redes sociais em momentos de campanha eleitoral.  Em novembro, 40 dias após a descoberta polêmica em torno da troca de assessores entre o presidente da Câmara e o deputado estadual, o prefeito contratou, em comissão, Osvaldo Neves.

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Outros lados

Procurado ontem, o vereador Adilson Júnior confirmou, por sua Assessoria de Imprensa, que Erika não trabalha no gabinete desde 29 de agosto do ano passado, após ter voltado da licença maternidade. Coincidentemente, um dia depois que o Diário publicou a denúncia. Ele não quis se manifestar sobre a investigação do Ministério ­Público.

O Diário também não obteve resposta sobre a questão do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior até o fechamento da edição. A Reportagem pediu os contatos de Érika e Osvaldo, mas a Câmara e a Prefeitura não informaram. O  ‘ex-motorista’ ainda permanece lotado na Secretaria de Serviços Públicos.      

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