Damião Ferreira, irmão da paciente, afirma que o hospital fez mais de 60 exames, porém todos com diagnósticos inconclusivos / Rodrigo Montaldi/DL
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Morreu na madrugada de terça-feira, sem um diagnóstico conclusivo, Ivanice Ferreira da Silva, aos 42 anos. Internada no Hospital Ana Costa, em Santos, a ajudante de restaurante foi acometida, há quatro meses, por uma doença misteriosa que lhe tirou a capacidade motora e a fala.
Na semana passada, a Reportagem entrou em contato com a família da paciente e reportou a história no dia 9 de março.
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O caso de Ivanice chegou a ser investigado como suspeita de doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), uma patologia comumente associada com o mal da vaca louca, mas não teve o diagnóstico fechado.
Após o falecimento, a Reportagem questionou novamente o hospital, que manteve as informações enviadas na primeira nota, mas acrescentou que não foi possível confirmar categoricamente que a paciente tinha DCJ, porque o diagnóstico para essa doença só pode ser confirmado mediante necropsia.
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Agora, cabe à família autorizar ou não a realização dos exames pós-mortis para a conclusão do caso. A decisão será conduzida entre os familiares e a equipe médica.
Após a notícia do falecimento, a Reportagem entrou em contato com Damião Ferreira, irmão da paciente, mas ele não estava em condições de se pronunciar.
Histórico
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Os sintomas começaram há quatro meses, quando Ivanice começou a sentir dormência nas mãos e dores de cabeça fortes, além de oscilações de humor e lapsos de memória. Pouco tempo depois, começou a perder a força nas pernas e nos demais músculos do corpo.
De acordo com o irmão da paciente, a equipe médica do hospital fez mais de 60 exames, todos com diagnósticos inconclusivos. Ele chegou a procurar um neurologista particular, mas o posicionamento foi o mesmo dos profissionais do hospital.
Sem uma confirmação, a paciente foi tratada, de acordo com a família, a base de relaxantes musculares, soro e calmantes. Com o processo degenerativo muito rápido, Ivanice não resistiu.
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O Hospital Ana Costa afirmou que as autoridades sanitárias foram notificadas e que não há nenhuma medida excepcional a ser adotada em relação às pessoas e profissionais que tiveram contato com a paciente. Também ressaltou que não há qualquer risco adicional à comunidade e nenhuma orientação que restrinja o consumo de carne bovina.
Outros casos
No Rio de Janeiro, quatro pessoas com suspeita da doença Creutzfeldt-Jakob foram atendidas em três hospitais particulares de Niterói, entre o fim de 2016 e o início deste mês. Até o momento nenhuma suspeita foi confirmada. Em dezembro do ano passado um homem morreu em Recife com suspeita da doença. O mal tem três origens distintas: esporádica, herdada geneticamente ou infecciosa, com a ingestão de carne bovina contaminada. Em humanos, a chance de contrair a doença por contaminação é de 5%.
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