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Cotidiano

Moradores se unem por segurança na Zona Noroeste, em Santos

Além da audiência, está sendo preparada uma grande passeata pelas ruas para tentar alertar que marginais estão agindo livremente na região

Carlos Ratton

Publicado em 11/10/2017 às 10:00

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Moradores de vários bairros se unem por segurança na Zona Noroeste / Rodrigo Montaldi/DL

Moradores de vários bairros resolveram não mais aguardar uma iniciativa do poder público e da polícia para combater a insegurança que vem tirando o sono da Zona Noroeste. Eles estão arregimentando dezenas de pessoas para uma audiência pública no próximo dia 18, às 15 horas, na Câmara de Santos. Um folheto pedindo a participação já está sendo distribuído de casa em casa.    

A iniciativa da população da Zona Noroeste é reflexo de uma situação já denunciada pelo Diário do Litoral em reportagens publicadas nos últimos dias 28 e 29, mostrando que mães, crianças, direção e funcionários da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Samuel Augusto Leão de Moura e de outras unidades do bairro se encontram ‘reféns’ do crime.    

Além da audiência, está sendo preparada uma grande passeata pelas ruas para tentar alertar que marginais estão agindo livremente, invadindo casas, escolas, comércios e roubando tudo, além de praticarem assaltos de manhã, à tarde e à noite. Ontem, dois moradores estiveram na Redação para anunciar a audiência. Eles moram há 40 anos na ZN e, para se ter uma ideia da situação, pediram para não serem identificados por medo de represálias dos ­bandidos. Eles revelam que várias sedes de associações de bairros estão sendo utilizadas para projetos pessoais e como pontos de tráfico de drogas e comércio de bebidas.   

“Não há mais paz. Não podemos sair de casa. As famílias estão acuadas. Ao abrir o portão, tem que ficar olhando no entorno para não ter surpresas e sair rápido. Na volta, se distrair, eles (marginais) te rendem. Isso ocorre em todos os horários. Já houve espancamentos, mortes e ameaças de sequestros de comerciantes. O policiamento está precário por conta da falta de efetivo e equipamentos”, revelou um dos ­organizadores.      

Na audiência, os moradores vão tentar impedir as trocas de comando constantes na 4ª Companhia da Polícia Militar; que a delegacia feche à noite e nos finais de semana; que caminhões usem as ruas como estacionamentos. Além disso, vamos solicitar iluminação e podas de árvores, pois as ruas estão escuras. “Tem placas de proibido estacionar em todas as esquinas, mas os caminhões não respeitam. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) já foi informada, mas nem aparece. Caminhões e carrocerias são perfeitos como esconderijo, principalmente à noite”, completa.

Conseg

O outro morador revela que não adianta denunciar no 5º Conselho de Segurança (Conseg), órgão que deveria servir como uma espécie de ‘ponte’ entre moradores, poder público e polícias.

“Tempos atrás, uma força-tarefa foi organizada, mas o Conseg anunciou que ela iria ocorrer. Ou seja, ajudou a neutralizar a ação. Desde julho último, o Conseg está inativo. Até a Ouvidoria foi avisada, mas ninguém resolve nada. Então, vamos tentar uma audiência”, afirma, alertando que as duas viaturas anunciadas pelo governador Geraldo Alckmin e que serão destinadas à 4ª Cia, não resolverão o problema.

“A área é muito grande. Só reforçam o policiamento quando alguma autoridade visita a Zona Noroeste”, completa.

Mães e educadores pressionados        

Recentemente, uma comissão, formada por duas mães conselheiras de escola, a diretora e outro morador, havia revelado que, literalmente, a população está refém do crime. A comissão já se queixava de falta de efetivo da Polícia Militar e da Guarda Municipal na Zona Noroeste. Os membros garantiram que as 25 escolas da região estão sofrendo o mesmo e que até prostituição ocorre no entorno das unidades de ensino. Vereadores já foram ­informados.   

Procurada na ocasião, a Prefeitura de Santos respondeu que a Secretaria Municipal de Segurança Pública, por meio da Guarda Municipal, estava reforçando o patrulhamento nas escolas da Zona Noroeste, em parceria com a Polícia Militar. Além ­disso, instalou no último dia 22, na Escola Samuel Augusto Leão de Moura, quatro câmeras de ­monitoramento e também alarme, este com vários sensores distribuídos pela ­unidade.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou também que a PM iria reorientar o policiamento na região, com base nas informações passadas pelos moradores. A PM mantém, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação, o programa Ronda Escolar, que faz o policiamento ostensivo e preventivo em aproximadamente duas mil unidades escolares e imediações.

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