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Moradores Rua Dr. Gaspar Ricardo, no José Menino, convivem dia e noite com a insegurança, entulho e lixo. Isso porque um terreno que pertence à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que já abrigou a Vila dos Ferroviários, há anos tornou-se um reduto de usuários de drogas, traficantes, moradores de rua e até de prostituição infantil. A área é chamada pela comunidade local de “Cracolândia”. No terreno havia casas habitadas por famílias de ferroviários que foram demolidas e o entulho ainda não foi retirado.
A situação é tão crítica que levou a comunidade e até o pároco da igreja São Paulo Apóstolo, situada na mesma rua, a recorrerem à Câmara Municipal para pedir providências. Ontem, o caso foi parar no Ministério Público. De posse de um abaixo-assinado da paróquia e de moradores da Rua Dr. Gaspar Ricardo, o vereador Antonio Carlos Banha Joaquim, que é presidente da Comissão Permanente de Segurança Pública, do Legislativo, ingressou representação no Ministério Público do Meio Ambiente e no Ministério Público da Infância e da Juventude para que se investigue as atividades ilícitas no local e cobre providências dos órgãos competentes.
No documento entregue ao vereador, o pároco informa as dificuldades de acesso à Paróquia São Paulo Apóstolo pelos freqüentadores. A igreja fica no final da Rua Dr. Gaspar Ricardo, na esquina com a Rua Godofredo Fraga, bem próximo ao sopé do Morro do José Menino.
Na carta explicativa do abaixo-assinado, o religioso deixa claro que já havia buscado “auxílio junto a Secretaria de Assistência Social, Secretaria de Segurança Pública, da Polícia Militar e de alguns vereadores. Porém o auxílio se torna momentâneo e passageiro, sendo que a necessidade é constante”.
Ainda conforme o documento, o pároco aponta os seguintes problemas: policiamento insuficiente para coibir pequenos furtos por usuários de droga às residências e pessoas; crianças morando nos arredores da paróquia que não freqüentam escolas, convivendo com usuários de drogas; prostituição infantil e vandalismo; acúmulo de entulho das casas demolidas que pertencem à CPTM e que servem de esconderijo e moradia para moradores de rua e usuários de drogas. Além disso, o pároco alerta para a necessidade de reforçar a iluminação pública ao redor da igreja no trecho entre as ruas Godofredo Fraga e Dr. Gaspar Ricardo e recapeamento dessas vias e também da Rua Dr. Guilherme Álvaro, travessa da Dr. Gaspar Ricardo.
Uma moradora que pediu sigilo, disse à reportagem ontem, que as casas da CPTM foram demolidas este ano, há cerca de três ou quatro meses e que desde então, o entulho não foi recolhido. A moradora disse ainda que a Escola Municipal José da Costa Barbosa, s/º, em frente ao terreno, já foi assaltada duas vezes.
O vereador Banha disse que pretende se reunir com o secretário de Segurança Pública de Santos, Renato Penteado Perrenoud, com o comandante do CPI-6, coronel PM Sérgio Del Bel Júnior e com o comandante do Deinter 6, Waldomiro Bueno Filho, nesta semana, para encontrar uma solução definitiva para o fim da “Cracolândia” no local. Ontem à tarde, a equipe de reportagem avistou duas viaturas da PM no sopé do Morro do José Menino, onde os policiais realizam uma operação.
Prefeitura
Procurada, a Prefeitura de Santos, por meio da assessoria de imprensa, enviou a seguinte nota: “o projeto Santos Caminhos da Cidadania (Consultório de Rua), que visa à busca-ativa e atendimento dos usuários de drogas que não chegam aos equipamentos da rede de saúde, seja de forma espontânea ou por encaminhamento, está em processo de implantação pela SMS (Secretaria Municipal de Saúde). Para isso, a equipe multidisciplinar do projeto e os profissionais da rede de serviços aos usuários estão sendo capacitados na ‘Oficina de Sensibilização em Redução de Danos’; os técnicos do projeto iniciaram, em conjunto com agentes redutores de danos, o reconhecimento das áreas e acessos aos pacientes; e foi adquirido veículo especializado que dá suporte ao serviço.
Também está em andamento o ‘Mapeamento e perfil epidemiológico do usuário de crack na cidade de Santos’, parceria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e SMS (Secretaria Municipal de Saúde). Já com relação à luminosidade das ruas citadas, a Prefeitura informa que enviará técnicos aos locais para a medição e correções.”
Sem resposta
A reportagem também procurou o 6º Batalhão da Polícia Militar do Interior (6º BPM/I) e a CPTM, mas nem a corporação responsável pela segurança pública, nem a empresa proprietária do terreno das casas demolidas, se pronunciaram até o fechamento desta edição, às 20 horas de ontem.
Vila dos Ferroviários
O terreno das casas da CPTM, a Vila dos Ferroviários, é reduto de marginais, usuários de droga e moradores de rua há pelo menos cinco ano. Em 2006, a reportagem do DL entrevistou moradores de algumas dessas casas e dos prédios vizinhos, que já pediam providências para o fim da “Cracolândia”. Na época, a CPTM havia informado ao DL, que abriria licitação para contratar empresa para demolir as casas abandonadas e limpar o terreno, o que não foi feito.
A CPTM requereu a retomada dos imóveis da Vila dos Ferroviários em agosto de 2005. A partir daí começaram os transtornos. Em 2006, algumas casas ainda eram ocupadas por famílias de ferroviários que teriam que pagar uma taxa à companhia para continuar morando no local ou seriam despejadas. Atualmente, todas as casas foram demolidas.
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