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Dezenas de moradores da Prainha Branca fecharam por toda manhã e parte da tarde de hoje (5) a balsa que faz a travessia entre Guarujá e Bertioga. Só foi permitida a passagem de pedestres. Os veículos foram impedidos por bloqueios colocados na Rodovia Ariovaldo de Almeida Viana (SP61), conhecida com Guarujá-Bertioga.
A manifestação ocorreu em protesto à derrubada de quatro casas da Prainha, pertencentes a caiçaras, pelo poder público, no último dia 27 (ver reportagem completa nas páginas 6 e 7). Com faixas e cartazes nas mãos, os manifestantes também estavam reivindicando concessão de alvarás para o comércio do local, a abertura de uma estrada para facilitar o acesso de veículos à praia e a revisão da Área de Proteção Ambiental (APA) no Município.
Além dos moradores da Sociedade Amigos da Prainha Branca e da Associação de Comércio e Camping da Prainha Branca, estavam apoiando a iniciativa várias lideranças da Central de Movimentos Populares e dirigentes de associações de bairros. O vereador Luciano Lopes da Silva (PMDB), o Luciano China, tentou mediar a situação.
Mais de 10 policiais militares estiveram no local para realizar o desbloqueio, mas não conseguiram retirar os manifestantes, que só saíram depois que funcionários da Prefeitura deixaram marcada uma reunião com a prefeita Maria Antonieta de Brito (PMDB), que ocorrerá segunda-feira (7), às 16 horas, no Paço Municipal.
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Sidnei Bibiano Silva dos Santos, da Associação de Moradores e Amigos da Cachoeira, disse que as comunidades caiçaras estão sendo banidas de Guarujá. “Na Prainha, tentaram derrubar uma casa com uma deficiente física dentro. Essa manifestação é legítima e muito importante”.
Nilton Rafael Gonçalves, da União dos Pescadores do Sítio Conceiçãozinha, garante que a manifestação é justa. “Ao longo dos anos, as comunidades tradicionais estão sendo desalojadas de suas moradias e impedidas de sobreviver. Implantam-se condomínios de luxo e expulsam as comunidades”, disse.
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Miguel Pedro de Arruda, da Associação de Amigos da Vila Nova Perequê, que estava acompanhando a manifestação, usou uma frase de sentido figurado para alertar que a pressão poderia chegar a sua comunidade: “quando a gente vê o fogo queimando perto, logo molhamos a estopa para não pegar fogo”.
A arquiteta Marie Murakame, envolvida na questão pela Central dos Movimentos Populares e pela União de Movimento por Moradias do Estado de São Paulo, conta que é inadmissível a remoção de pessoas sem proporcionar um local para abriga-las. “Isso fere a Constituição. Uma coisa é a ilegalidade da construção. Outra coisa é tirar a proteção de uma família”.
A presidente da Pastoral da Saúde, Durvalina Pinheiro dos Santos, revela que a remoção atingiu também crianças e as pessoas não tiveram tempo de questionar a ação. “Estamos isolados de tudo e ainda não podemos contar com a proteção do poder público”, finaliza, apelando para que as comunidades caiçaras sejam reconhecidas pelo atual Plano Diretor do Município.
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