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Cotidiano

Minha vida com: 'Descobri o câncer de mama com 41 anos'

Por conta de um erro médico, o diagnóstico de Iara Fonseca demorou cerca de um ano

Caroline Souza

Publicado em 07/10/2019 às 07:30

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Iara Fonseca precisou fazer mastectomia, dez sessões de quimioterapia e 28 de radioterapia; o processo levou cerca de um ano. / Nair Bueno/DL

Eu estava com 41 anos quando descobri um nódulo na mama. Fiquei assustada, ainda mais naquela época, que parecia ser o auge do câncer de mama, com muitas mulheres afetadas. Meu nome é Iara Aparecida Ferreira Fonseca, tenho 57 anos e venci o câncer.

A princípio fui na ginecologista, ela fez exames, mas achou que não tinha necessidade de fazer biópsia. Esse erro da médica atrasou o diagnóstico por quase um ano.

Apesar de estar com um nódulo no seio esquerdo, a ginecologista disse que era para eu ficar tranquila, que não tinha nada. Mas aquilo ficou na minha cabeça e, cerca de oito meses depois, procurei um mastologista.

O mastologista não esperou. Já fizemos logo a retirada do nódulo para ver se era benigno ou maligno e, quando veio o resultado da biópsia confirmando o câncer, fiz a mastectomia.

É assustador receber essa notícia. Muitas doenças podem matar, mas acho que o câncer é a mais temida. Depois, você vai fazendo o tratamento e vai levando.

Fiz tudo o que foi necessário, retirada total da mama, quimio e radioterapia.

Quando eu procurei a médica pela primeira vez, ainda estava em um estágio inicial, mas depois de quase um ano, o nódulo já tinha aumentado e espalhado para os linfonodos. Isso pela demora em iniciar o tratamento.

Eu encarei o erro da médica, a demora, como 'é o que tinha que ter acontecido', fiz o que precisava dali para a frente e o que passou passou. Claro que se eu tivesse sido diagnosticada antes, sofreria menos. Mas estou aqui, está bom.

Fiz dez sessões de quimioterapia, daquela mais forte, que cai cabelo. Não é agradável, mas é suportável. Elas eram realizadas a cada 28 dias, mas às vezes a imunidade baixava muito e tinha que esperar normalizar. A quinta quimio foi a que eu achei pior, fui internada para aumentar a imunidade. Todo mundo fala que a quinta é a pior, não sei se é coincidência, mas no meu caso foi mesmo.

As reações variam muito de pessoa para pessoa. No meu caso, suportei bem, dentro do possível. A gente sabe que é para fazer bem para o problema que estamos enfrentando, então encara como necessário.

Quando o cabelo começou a cair, fiquei preocupada. Depois que cai a gente não fica com a mesma aparência. Dizem que o cabelo é a moldura do rosto e eu descobri que é mesmo, mas esperei o máximo que pude para cortar.

Também fiz 28 sessões de radioterapia. Todo o processo levou cerca de um ano. Depois fiz a reconstrução. Primeiro coloquei prótese expansora, porque eu era muito magrinha e não tinha pele suficiente para prótese, e depois coloquei a definitiva.

É estranho ficar sem a mama, não é o visual que estamos acostumadas a ver, mas também não é assustador como era antigamente, que as mulheres saiam mutiladas do processo de mastectomia radical. E com a reconstrução fica melhor. Talvez as mulheres que têm muito seio sintam mais, cada caso é diferente.

A família é o suporte no processo, por ela a gente tem força para levar o tratamento adiante. Na época do diagnóstico, meus dois filhos eram adolescentes, eles ficaram bem preocupados, mas ajudaram a dar a força para eu seguir o tratamento. Eu pensava: por meus filhos eu vou fazer tudo o que precisar e vencer.

Gostaria de dizer para as mulheres que o autoexame é muito importante. Elas têm que fazer sempre que possível, porque tudo no começo é menos sofrido, com mais chances de cura. E se tiver uma opinião médica que não traga segurança, procure outra opinião, porque os médicos podem errar também.

Prevenção é a melhor coisa e as campanhas precisam continuar, porque muitas mulheres ainda não se preocupam com o câncer de mama, mas temos que nos preocupar.

Quando eu fazia tratamento, cheguei a ver moças de 21 anos de idade com câncer de mama. Então, quanto antes o diagnóstico melhor.

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