Cotidiano
O posicionamento do governo dos Estados Unidos a favor da concessão de licenças para empresas explorarem o fundo do mar reacendeu uma polêmica global
O dilema está posto: como equilibrar a urgência econômica da transição energética com a preservação dos oceanos / PublicCo/Pixabay
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O posicionamento recente do governo dos Estados Unidos a favor da concessão de licenças para empresas explorarem o fundo do mar reacendeu uma polêmica global: deve a mineração em águas profundas ser permitida?
De um lado, a pressão econômica cresce diante da necessidade de minerais como níquel e cobre, cruciais para baterias e veículos elétricos.
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Do outro, cientistas e ambientalistas alertam para danos incalculáveis à vida marinha, apontando que os impactos podem ser irreversíveis.
Na COP 30 deste ano, oceanos ganham destaque, alerta especialista da USP
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A região mais cobiçada hoje é a Zona Clarion-Clipperton (CCZ), localizada a cerca de 1.770 km de San Diego, no Pacífico. Identificada ainda no século XIX, ela abriga vastas reservas de nódulos polimetálicos, ricos em níquel e cobre. Esses metais devem ter sua demanda multiplicada até 2040, segundo projeções internacionais.
A tecnologia para explorar esses recursos já existe. O processo prevê o uso de veículos coletores que rastejam no fundo do mar, equipados com tubos de até quatro quilômetros para transportar sedimentos até a superfície.
Cada máquina seria capaz de extrair cerca de 200 toneladas por hora, separando os minerais de lama e impurezas ainda a bordo do navio.
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Defensores da prática argumentam que a mineração submarina teria menos impactos do que a exploração terrestre, que exige poços, escavações e barragens de rejeitos.
Apesar da promessa de eficiência, cientistas alertam que os impactos sobre os ecossistemas marinhos ainda são amplamente desconhecidos. Pesquisas já apontam riscos sérios:
Espécies podem ser esmagadas pelas máquinas coletoras.
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A suspensão de sedimentos pode sufocar organismos marinhos.
Comunidades inteiras no leito marinho podem ser destruídas, comprometendo cadeias alimentares.
Até espécies como as águas-vivas correm risco, segundo estudos recentes. Para especialistas, não é possível garantir que a mineração submarina seja feita de forma totalmente segura.
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Em 2024, 32 países declararam oposição à mineração em alto-mar. Entre eles estão Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, México, Suécia, Dinamarca e Áustria. A maioria defende uma moratória preventiva, ou seja, suspender qualquer operação até que se conheçam todos os riscos.
Alguns países foram além: a França já proibiu totalmente a prática em suas águas. Mesmo assim, decisões favoráveis como a dos Estados Unidos podem estimular outros governos a flexibilizar suas regras, abrindo caminho para uma corrida por minerais em áreas internacionais.
O dilema está posto: como equilibrar a urgência econômica da transição energética com a preservação dos oceanos? Até agora, a comunidade internacional segue dividida.
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Enquanto investidores veem nas profundezas do mar uma saída para atender à crescente demanda tecnológica, ambientalistas alertam que o preço dessa exploração pode ser alto demais para o planeta.
Posicionamento dos EUA: Governo norte-americano apoia concessão de licenças para empresas explorarem o fundo do mar, reacendendo debate mundial.
Pressão econômica: Crescente demanda por minerais estratégicos, como níquel e cobre, essenciais para baterias e veículos elétricos.
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Alerta ambiental: Cientistas e ambientalistas alertam para riscos incalculáveis à vida marinha, com possibilidade de danos irreversíveis.
COP 30: Oceanos ganharam destaque na conferência climática, segundo especialista da USP.
Região mais cobiçada: Zona Clarion-Clipperton (CCZ), no Pacífico, a 1.770 km de San Diego.
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Rica em nódulos polimetálicos, identificada no século XIX.
Demanda global por níquel e cobre deve multiplicar até 2040.
Tecnologia já disponível: veículos coletores, tubos de até 4 km e extração de 200 toneladas por hora.
Defensores afirmam que seria menos impactante que mineração terrestre.
Impactos ainda pouco conhecidos, mas com evidências preocupantes:
Espécies esmagadas por máquinas.
Sedimentos sufocando organismos.
Comunidades marinhas inteiras destruídas.
Espécies como águas-vivas também ameaçadas.
Especialistas afirmam: não há forma totalmente segura de mineração submarina.
32 países contra a mineração em alto-mar (2024), incluindo Canadá, Reino Unido, França e Alemanha.
A maioria defende moratória preventiva até estudos mais completos.
França já proibiu a prática em suas águas.
Decisão dos EUA pode incentivar outros países a liberar a exploração.
Dilema central: transição energética vs. preservação dos oceanos.
Investidores veem nos oceanos a solução para a demanda tecnológica.
Ambientalistas alertam para um custo ambiental irreversível.