26 de Abril de 2024 • 01:10
Diferente do Mercado Municipal da Capital paulista, os Mercados Municipais de Santos e São Vicente, apesar de revitalizados, não têm movimento. Em Santos, fregueses antigos é que garantem as vendas de permissionários que atribuem o fraco movimento à degradação dos casarões no entorno do Mercado e à presença de moradores de rua que dormem sob as marquises do prédio, na calçada.
“Sou comerciante aqui há 22 anos e o movimento que antes era intenso começou a cair quando abririam os hipermercados. Mas a quantidade de mendigos que ficam em volta do Mercado também afasta os fregueses”, afirmou a comerciante Marilene dos Santos.
O comerciante, Luzinal Nunes da Silva, disse que o fraco movimento se deve também a degradação do bairro. “Tenho fregueses de mais de 30 anos e faço muitas entregas por telefone, mas a fama do bairro afasta novos fregueses”.
Já para a permissionária, Odete Ferreira Lima, “o que realmente falta aqui são mais comerciantes e mais divulgação. Mais da metade dos boxes estão vagos. Insegurança não existe aqui. Nunca fui assaltada dentro do Mercado”.
Em fevereiro deste ano, a Prefeitura abriu licitação para a concessão de novas licenças, mas não houve interesse na concorrência. Há cerca de 20 boxes vagos. Segundo o administrador da Regional da Região Central Histórica, Antonio Longobardi, alguns comerciantes não se enquadravam dentro das exigências do processo licitatório e outros alegaram a insegurança no local e a degradação nos arredores do Mercado Municipal.
O Mercado, exclusivamente voltado para a comercialização de hortifrutigranjeiros, nem de longe lembra o intenso movimento de comerciantes e consumidores que havia há quarenta anos, disseram os permissionários.
Porém, para retomar parte deste cenário de outrora, a Administração Municipal têm projetos que envolvem desde a instalação de cafés a equipamentos de serviços no local, de acordo com Longobardi. Ele estima que em pelo menos dois meses, já inicie a instalação de dois cafés no Mercado. “O projeto vai descaracterizar um pouco o mercado voltado para hortifruti, mas é uma maneira de atrair interessados. Empresários do ramo já estão sendo consultados e acredito que a Prefeitura adotará, em vez de licitação, carta-convite, neste caso. A segunda proposta da Administração é oferecer serviços no segundo piso, como caixas eletrônicos, chaveiros”, afirmou.
O administrador da Região Central disse ainda que a Prefeitura estuda a transferência do patrulhamento da Praça dos Andradas para a Rua Benedito Pinheiro, atrás do Mercado. “Com certeza os policiais e as rondas vão coibir assaltos nas imediações e até mesmo a presença dos moradores de rua”.
Em São Vicente, o Mercado Municipal, situado próximo à Igreja Matriz, foi reformado e já adota, há cerca de dois anos, os moldes hoje planejados para o Mercado santista. Porém, segundo a proprietária de um açougue do Mercado vicentino, Kátia Leça, a mudança não foi positiva. “Antes todos os comerciantes eram permissionários. Depois com a reforma, a Prefeitura nos vendeu os boxes. A partir daí passou a ser permitido a cada um explorar qualquer tipo de comércio, diferente de antes, que só podia comercializar frutas, ter açougues e bancas de jornal”.
“A liberação para o comércio em geral acabou nos prejudicando. Como você pode ver, tem cabeleireiro, petshop e bares. Os bares ficam fechados durante o dia, o que afasta os clientes. Antes o movimento era maior aqui, mesmo com o prédio mal conservado”, explicou ressaltando que o perfil do consumidor que freqüenta o mercado mudou.
A Secretaria de Imprensa e Comunicação Social de São Vicente informou, em nota, que “a Prefeitura oferece toda a infra-estrutura aos permissionários, cedendo os boxes para a exploração comercial. Também criou atrativos para aumentar a circulação de pessoas no bairro, como o Parque Cultural Vila de São Vicente e o Centro Cultural da Imagem e do Som”.
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