Cotidiano
O microestado preserva uma história ininterrupta de soberania que começou em 3 de setembro do ano 301 d.C., muito antes de a Itália sequer existir
Fundado por Marinus, um pedreiro cristão fugitivo do Império Romano, San Marino teve início como uma pequena comunidade religiosa no Monte Titano / Divulgação
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Escondida entre as montanhas da região central da Itália, entre Emilia-Romagna e Marche, está a República de San Marino, o país mais antigo do mundo ainda em existência, segundo o Guinness World Records. Com apenas 61 km² de território e cerca de 47 mil habitantes, o microestado preserva uma história ininterrupta de soberania que começou em 3 de setembro do ano 301 d.C., muito antes de a Itália sequer existir.
Fundado por Marinus, um pedreiro cristão fugitivo do Império Romano, San Marino teve início como uma pequena comunidade religiosa no Monte Titano. Perseguido por sua fé, Marinus, posteriormente canonizado como santo, encontrou refúgio entre as pedras dos Apeninos, onde construiu uma igreja e atraiu seguidores. Assim nascia a comunidade que, séculos depois, se tornaria uma república independente.
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Mesmo com uma história envolta em lendas, registros históricos indicam que uma comunidade monástica já existia no século V. Desde então, San Marino conseguiu manter sua independência por meio de um delicado equilíbrio entre diplomacia, geografia estratégica e, em muitos momentos, a sorte de passar despercebida.
Apesar de sua localização vulnerável, San Marino conseguiu se proteger de conquistas e anexações ao longo dos séculos. Em 1291, teve sua autonomia reconhecida por autoridades locais e, mesmo após breves ocupações, como a de César Borgia em 1503, sempre recuperou sua soberania.
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Em 1600, promulgou sua constituição, considerada a segunda mais antiga do mundo ainda em vigor, perdendo apenas para a Magna Carta britânica (1215).
Durante o século XIX, San Marino se tornou um refúgio para revolucionários do movimento de unificação italiana, como Giuseppe Garibaldi. Em 1862, firmou um tratado de amizade com a recém-unificada Itália, assegurando sua independência até os dias de hoje.
San Marino pode ser visitado em uma curta viagem a partir de cidades como Rimini ou Bolonha. No alto do Monte Titano, os visitantes encontram as três torres medievais (Cesta, Guaita e Montale), o centro histórico tombado pela Unesco, o Palazzo Pubblico, a Piazza della Libertà, e museus que contam a história do país, como o Museu de Armas Antigas e o Museu de Moedas e Carimbos.
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A gastronomia local também é um atrativo, com pratos como a Torta Tre Monti (camadas de avelã, chocolate e bolo) e a Piada samarinesa, uma espécie de pão recheado com ingredientes típicos da região.
Língua: Italiano é o idioma oficial, mas parte da população mais velha ainda fala o samarinês, um dialeto derivado do romanhol, em risco de extinção.
Moeda: Embora não faça parte da União Europeia, San Marino utiliza o euro e cunha suas próprias moedas comemorativas.
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Entrada no país: Não há controle formal de fronteira, mas é possível comprar um carimbo simbólico do passaporte nos postos turísticos.
Futebol local: A seleção de San Marino é considerada uma das mais fracas do mundo. Sua primeira vitória oficial em 20 anos aconteceu apenas em 2023, contra Liechtenstein.
San Marino é uma anomalia histórica que sobreviveu a impérios, guerras e transformações políticas globais sem abrir mão de sua independência. Com quase 1.724 anos de história, é uma das poucas nações que conseguiram preservar seu sistema político e identidade por tanto tempo.
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Mais do que um ponto turístico exótico, San Marino é um testemunho vivo da persistência histórica, mostrando que tamanho não é documento e que, mesmo no coração da Europa moderna, há espaço para repúblicas milenares que seguem firmes, pequenas e serenas.