Nativas do Brasil e sem ferrão, as abelhas mandaçaias são de fácil manejo e vêm ganhando atenção por seus produtos além do mel / Freepik
Continua depois da publicidade
O que nasceu de maneira informal na comunidade de Vista Alegre, em Enéas Marques (PR), transformou-se em uma atividade econômica estruturada que hoje atende clientes em todo o Sul e Sudeste do país. O empresário Ivo Miguel, de 43 anos, viu sua rotina mudar radicalmente ao trocar o comércio de frutas pela meliponicultura, a criação técnica de abelhas nativas sem ferrão.
O negócio, que começou com a produção artesanal de caixas divulgadas pela internet, escalou rapidamente devido à demanda por preservação ambiental e produção de mel orgânico. A transição para o novo setor foi inevitável diante do volume de encomendas.
Continua depois da publicidade
"Chegou um ponto que eu tive que parar com a empresa que eu tinha; eu vendia frutas; e me dedicar só a fazer caixinha. Meu sogro também parou com o serviço que ele fazia e veio junto. Hoje nós estamos em quatro pessoas trabalhando nisso", explicou o empresário ao Jornal do Beltrão.
Atualmente, o meliponário mantém 14 espécies diferentes, focando na multiplicação de enxames para venda a colecionadores e produtores rurais do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. O fascínio gerado por essas espécies reside na segurança e na biologia única.
Continua depois da publicidade
De acordo com Ivo Miguel, o estranhamento inicial dos clientes logo dá lugar à curiosidade. "Essa abelha é original do Brasil, ela não tem ferrão, não pica. O pessoal acha estranho no começo, mas depois perde o medo. Ele vem aqui pra conhecer, ver como funciona", relata.
Esse potencial educativo tem levado escolas a visitarem o local, proporcionando um contato direto das crianças com a natureza. Sobre essas visitas, Ivo comenta: "As crianças vêm visitar, já teve colégio que trouxe aluno. Teve criança que achava que eram formigas, de tão pequenininha que é a abelha".
Para organizar o crescimento do setor na região, já está em processo de criação a Associação de Apicultores, presidida por Osmar Zanotti. O projeto inclui a futura instalação de uma "Casa do Mel" e a expansão de colmeias didáticas em praças públicas e colégios, aproximando a comunidade urbana do universo das abelhas nativas.
Continua depois da publicidade
Apesar do sucesso, o empresário aponta que a escassez de mão de obra qualificada ainda é o maior gargalo para atender aos prazos de entrega das caixas, que são fabricadas sob medida para cada espécie.