Cotidiano

Marinheiros são penalizados na rodovia Guarujá-Bertioga

Polícia Rodoviária está multando os trabalhadores das Marinas Nacionais. Muitos temem perder a carteira e a única alternativa rápida de transporte

Publicado em 23/02/2015 às 11:18

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Marinheiros que prestam serviços nas Marinas Nacionais, em Guarujá, estão realizando um abaixo-assinado para pressionar o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) a exigir explicações da Polícia Rodoviária sobre a aplicação de multas que consideram “indevidas” aos seus veículos estacionados em áreas anexas ao acostamento da Rodovia Ariovaldo de Almeida Viana (SP-61) — conhecida como Guarujá-Bertioga, em frente à empresa, localizada no km 20,5 da via.

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Na última semana, um grupo de trabalhadores resolveu mostrar sua indignação. Eles explicaram à Reportagem que há anos colocam seus carros entre o acostamento e os muros da empresa (atrás da linha dos postes da rede elétrica). No entanto, nas últimas semanas, vêm recebendo multas diárias. Muitos temem perder a carteira de motorista e a alternativa mais rápida de locomoção.  

Eles garantem ainda que isso não ocorre no resto da estrada, principalmente nos finais de semana, quando carros estacionam no acostamento para que seus ocupantes possam frequentar boates, bares e casas noturnas ao longo da via. “Tratores com barcos também bloqueiam a estrada e não são multados. Ou seja, multa é só para pobres. Existem dois pesos e duas medidas”, afirma Ângelo Márcio Rocha de Andrade Lima.     

O marinheiro Aluísio Matos ressalta a revolta geral dos colegas de profissão. Ele trabalha há 20 anos nas Marinas Nacionais e afirma que o acostamento vem sendo respeitado pelos trabalhadores. “Nós queremos saber qual é o critério. Se existe um acostamento e é respeitado, por que aplicam as multas?”, indaga Matos, alertando também que, segundo as leis de trânsito, toda multa por estacionamento irregular vem seguida de guincho. “Mas nenhum carro foi guinchado. Portanto, o procedimento está errado, é ilegal”.

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Carros estacionados entre o acostamento e a marina (Foto: Luiz Torres/DL)

Vale lembrar que as Marinas Nacionais são detentoras do selo Bandeira Azul, concedido por cumprir uma série de critérios em relação à educação e informação ambiental, gestão ambiental, segurança, serviço, infraestrutura para os usuários e qualidade da água. Porém, não oferece estacionamento aos seus prestadores de serviços.

“A administração (das Marinas) defende que nós (marinheiros e colaboradores) devemos trabalhar de ônibus. Ora, isso é facultativo. Os funcionários têm o direito de escolher o transporte que seja mais eficiente. Todos sabem que na estrada o transporte público é ruim. Temos direito de parar o carro ao longo da estrada desde que não seja no acostamento”, acredita Aluísio Matos.

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Outro marinheiro, Eugênio Leandro, foi multado por ter colocado seu veículo na área de recuo em frente a sua residência, às margens da estrada. “Como eu faço para levar compras para minha casa, levar meus pais ao médico? Carro aqui na estrada não é luxo, é necessidade”.

Jailton Ribeiro, também trabalhador das Marinas, foi multado duas vezes na mesma hora e local. “Eu já estou com 10 pontos na minha carteira de habilitação. Não posso mais arriscar trabalhar de carro”, afirma o marinheiro, completamente desolado, pois fica praticamente impossibilitado de assistir sua família em caso de emergência.
Moradores sofrem

O presidente da Associação de Moradores e Amigos da Cachoeira (um dos bairros da região), Sidnei Bibiano Silva dos Santos, afirma que os moradores enfrentam problema semelhante aos marinheiros. “Todos estão sendo multados, embora mantenham espaço de acesso livre. O DER tem que entender que essa estrada é urbana, possui casas nas duas margens, como as marinas. Portanto, é preciso bom senso, pois temos moradores centenários ao longo da estrada e muitos pais de família”. 

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