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Nova unidade da Senat começa a tomar formaEstudo para reforma do Parque Roberto Mario Santini será apresentadoPrêmio Irmã Dolores recebe inscrições até 20 de novembroEm etapa final, revitalização dos quiosques da orla chega aos canais 1, 4 e 5Sabesp repara rede de abastecimento na Avenida Martins Fontes, em SantosNo próximo domingo, dia 3 de novembro, acontece a 2ª edição da Marcha das Vadias – Baixada Santista, evento cujo objetivo é combater a cultura de culpabilização da mulher que sofre violência. O movimento surgiu em Toronto, no Canadá, no ano de 2011, em reação a uma palestra realizada em um campus universitário, durante a qual um policial disse às alunas presentes que, para evitar o estupro, elas deveriam evitar se vestir “como vadias”.
O comentário machista gerou uma passeata em protesto, denominada “Slutwalk”, que logo foi reproduzida em vários lugares do mundo, em países da América, Europa e Ásia. A primeira edição da Slutwalk (traduzida para o português como “Marcha das Vadias”) aconteceu em São Paulo, no ano de 2011. Em 2012, ocorreram diversas Marchas em várias cidades brasileiras, incluindo a primeira edição do evento na Baixada Santista, que ocorreu em Santos no dia 30 de setembro, com a presença de cerca de uma centena de pessoas.
A idéia da Marcha é combater as atitudes machistas que consideram a mulher total ou parcialmente culpada pela violência que sofre (principalmente aquela de natureza sexual, incluindo o estupro), que classificam algumas mulheres como menos dignas de respeito devido a fatores como a forma como se vestem ou se comportam, sua orientação sexual (como as mulheres bissexuais) ou sua profissão (como as profissionais do sexo), e que colocam sobre as mulheres a responsabilidade de evitar sofrer violência, em vez de cobrar dos homens que não a pratiquem.
A Marcha é especialmente importante em um momento no qual uma pesquisa recente revela que 99,6% das participantes já foram assediadas, sendo que 85% já sofreram violência física de natureza sexual (“passada de mão”), 68% já foram agredidas verbalmente por reagir negativamente ao assédio verbal, e 81% já deixaram de fazer algo por medo do assédio. É importante lembrar também que estudo elaborado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (CEBELA) e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, com base em dados do Ministério da Saúde, revela que 41% dos homicídios e 71% de todos os casos de violência contra as mulheres ocorrem dentro de casa, e que 42% de todas as agressões são causadas pelo companheiro ou ex-companheiro da mulher (número que sobe para 75% quando se considera apenas a faixa etária dos 20 aos 49 anos). O estudo aponta a culpabilização da vítima como fator preponderante entre os mecanismos por meio dos quais a violência opera.
No entanto, apesar dos avanços da legislação, a proteção e assistência à mulher que sofre violência é insuficiente e, por vezes, inexistente. Levantamento do Conselho Nacional de Justiça revela que, de 400 mil casos, 80% (ou 330 mil) tinham seguido adiante na Justiça, com quase 80 mil sentenças definitivas e nove mil prisões provisórias ou em flagrante. Pode parecer muito, mas as 80 mil sentenças definitivas correspondem a apenas 20% casos registrados até 2009. E as prisões correspondem a pouco mais de 2%.
Dentre as vítimas de violência, as mulheres negras são maioria. Segundo estudo das instituições supracitadas, no ano de 2010, foram assassinadas 48% mais mulheres negras do que brancas.
A organização do evento programou diversas atividades no local: apresentações musicais da rapper e DJ paulistana Luana Hansen e da rapper santista Preta Rara, integrante do grupo de Rap Tarja Preta, um sarau feminista, pintura corporal com uma artista plástica, distribuição e venda de literatura feminista, distribuição de insumos de prevenção (preservativo masculino, feminino e gel), orientação sobre prevenção de HIV/AIDS e outras DSTs, e venda de comida Vegana.