Em bairros como Itaipu e Piratininga, a elevação das lagoas compromete o escoamento de águas da chuva / Divulgação/PMN
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As paisagens paradisíacas da Região Oceânica de Niterói, com suas largas faixas de areia voltadas para o Atlântico, vêm sofrendo com um problema que se agrava a cada ano: a erosão costeira. Estudos recentes mostram que o avanço do mar, impulsionado por mudanças climáticas e o aumento das ressacas, tem colocado em risco praias como Piratininga, transformando-as em áreas de alta vulnerabilidade ambiental.
A situação preocupa especialistas que apontam a elevação do nível do mar como fator central no agravamento da erosão. Terrenos no entorno das lagoas de Piratininga e Itaipu, por estarem poucos metros acima do nível da água, tornaram-se mais suscetíveis a inundações frequentes.
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A combinação entre maré alta, chuvas intensas e sistema de drenagem urbano já sobrecarregado pode levar a colapsos mais frequentes nessas regiões.
O fenômeno já provoca mudanças significativas em pontos específicos da Praia de Piratininga, onde o processo de desgaste da areia é observado há pelo menos uma década.
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O desabamento de trechos do calçadão em 2016 e novamente em 2020 expôs a fragilidade da orla. A areia, que atua como barreira natural contra o impacto das ondas, está desaparecendo.
Uma das soluções defendidas por especialistas é o engordamento artificial da praia, técnica utilizada em diversos países e que consiste na reposição de areia para recuperar a faixa costeira.
Um projeto com essa proposta foi elaborado pela Prefeitura de Niterói em 2019, especificamente para Piratininga, mas ainda aguarda implementação.
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No estado de São Paulo, especialistas revelam que o litoral pode perder até 3 metros de areia por ano.
Apesar de parecerem eficazes, estruturas como muros de gabião erguidas após ressacas vêm sendo apontadas como agravantes da erosão.
Essas barreiras impedem o fluxo natural de sedimentos e aumentam a força das ondas, acelerando a retirada de areia da costa. Isso já foi observado em praias como Camboinhas, onde mesmo com a presença de dunas vegetadas, os impactos da erosão são notórios.
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O avanço do mar não afeta apenas o lazer e o cenário natural. Em bairros como Itaipu e Piratininga, a elevação das lagoas compromete o escoamento de águas da chuva. Como resultado, o sistema de drenagem urbana, que já lida com volumes cada vez maiores de precipitação, fica ainda mais vulnerável a falhas, aumentando o risco de alagamentos.
Diante dos desafios, especialistas reforçam a importância das chamadas soluções baseadas na natureza. A restauração de dunas, o engordamento de praias e a proteção de manguezais são apontados como medidas eficientes e sustentáveis.
Em áreas abrigadas, como a Baía de Guanabara, os manguezais oferecem proteção importante contra alagamentos e ajudam a estabilizar o solo. Já em praias mais abertas, como Piratininga, a reconstrução de dunas pode funcionar como barreira natural contra o impacto das ondas.
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A diminuição gradual da faixa de areia é um processo já em curso. Regiões hoje emersas podem ser engolidas pelo mar nas próximas décadas, tornando urgente a adoção de medidas eficazes e adaptadas a cada caso.
Mesmo soluções como o engordamento de praias, que imitam processos naturais, precisam ser analisadas individualmente para garantir que tragam os resultados esperados sem gerar novos problemas.