Entenda o fenômeno que abalou a fauna marinha da região / Freepik
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Um trecho do litoral Sul do Rio Grande do Norte ganhou tons de vermelho e deixou turistas intrigados. O fenômeno, registrado entre as praias do Golfinho e de Cacimbinhas, em Pipa, não tem relação com poluição química ou acidentes ambientais, mas com a multiplicação acelerada de micro-organismos marinhos.
A chamada floração é natural, mas vem se tornando mais frequente por causa do aumento de nutrientes na água e das altas temperaturas. Entenda por que ela acontece e quando pode representar riscos.
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A coloração vermelha detectada em Pipa surpreendeu quem passava pela região, mas é um processo conhecido da ciência. Trata-se da floração de microalgas ou cianobactérias, organismos microscópicos que já vivem naturalmente na água do mar. Quando encontram condições ideais, eles se multiplicam em grande quantidade, formando manchas visíveis.
Segundo especialistas, durante o processo essas microalgas chegam a acumular milhões de células por litro de água. É justamente o pigmento presente nesses organismos que determina a cor da mancha, que pode ser vermelha, verde ou até marrom, dependendo da espécie predominante naquele momento.
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A professora Renata Panosso, da UFRN, explicou ao site Nautica que o episódio do último fim de semana não é incomum, mas chama atenção pela intensidade e pela reação dos banhistas. Para ela, entender o fenômeno ajuda a desmistificar interpretações equivocadas sobre contaminações ou substâncias perigosas liberadas no mar.
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Embora seja natural, a floração tem acontecido com maior frequência nos últimos anos. Isso ocorre porque os fatores que favorecem o crescimento das microalgas estão cada vez mais presentes, especialmente em áreas costeiras movimentadas e próximas a centros urbanos.
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Um dos principais motores do fenômeno é o aumento de nutrientes na água, derivados de esgoto doméstico e de outras fontes de matéria orgânica. Esse excesso cria um ambiente altamente favorável para a reprodução acelerada de algas e cianobactérias.
Outro fator é a elevação da temperatura do mar, impulsionada pelo aquecimento global. Águas mais quentes aceleram ainda mais a multiplicação desses organismos. Panosse ressalta que o conjunto dessas condições transforma a floração em um fenômeno mais frequente, mais extenso e, em alguns casos, mais perceptível para quem está na praia.
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Apesar de natural, a água avermelhada durante a floração não é totalmente inofensiva. Banhos nesse tipo de mancha podem causar desconforto, especialmente para pessoas mais sensíveis. Entre os sintomas relatados estão coceira na pele e irritação nos olhos, reações comuns ao contato com determinadas espécies de microalgas.
Diante desses possíveis efeitos, a recomendação é clara: identificar a coloração alterada e evitar entrar no mar enquanto o fenômeno estiver ativo. Observar mudanças na tonalidade da água, no cheiro e até na presença de espuma pode ajudar banhistas a se protegerem.
Além disso, autoridades e especialistas reforçam que a melhor forma de reduzir esses episódios no futuro é garantindo maior controle do despejo de esgoto e adotando medidas de proteção ambiental que atuem contra o aquecimento global.
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Saiba mais sobre a cianobactérias no vídeo abaixo, publicado pelo canal Aquatic ecology: