Cotidiano
Com 460 km de extensão, a Trilha Amazônia Atlântica conecta florestas, manguezais e comunidades tradicionais do Pará, unindo turismo sustentável e conservação ambiental
Mais do que um roteiro turístico, o projeto busca gerar renda, promover o turismo sustentável e fortalecer o vínculo entre conservação e desenvolvimento local / Diego Barros
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A Amazônia brasileira ganhará um novo ícone de ecoturismo e conservação ambiental. Com quase 460 quilômetros de extensão, a Trilha Amazônia Atlântica, que atravessa o estado do Pará, será inaugurada durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), prevista para ocorrer em Belém, em 2025.
O percurso, considerado a maior trilha de longo curso da América Latina, promete unir natureza, cultura e sustentabilidade, conectando áreas de floresta, manguezais, territórios quilombolas e unidades de conservação.
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A trilha atravessa 17 municípios paraenses, entre eles Belém, Bragança, Capanema, Castanhal, Santa Isabel do Pará e Viseu, e integra sete unidades de conservação e seis territórios quilombolas. Entre as áreas protegidas estão as reservas extrativistas Tracuateua, Caeté-Taperaçu, Araí-Peroba e Gurupi-Piriá, além do Parque Estadual do Utinga Camilo Vianna, o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia e a Área de Proteção Ambiental Belém.
O trajeto também cruza territórios quilombolas como Torres (Tracuateua), América (Bragança), Pitimandeua (Inhangapi) e Macapazinho e Santíssima Trindade (Santa Isabel do Pará).
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Mais do que um roteiro turístico, o projeto busca gerar renda, promover o turismo sustentável e fortalecer o vínculo entre conservação e desenvolvimento local. Os visitantes poderão caminhar ou pedalar pelos trechos e conhecer de perto o cotidiano de comunidades extrativistas, coletores de caranguejo, pescadores, agricultores e exploradores de babaçu.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), a estruturação e sinalização da Trilha Amazônia Atlântica estão em fase final. O traçado foi projetado para garantir o menor impacto ambiental possível, respeitando os fluxos da fauna e a conectividade entre ecossistemas.
'Essa política está fazendo com que a gente passe a ter corredores florestados entre as unidades de conservação, que são usados para o turismo e recreação, mas também pela fauna, para se movimentar entre as unidades de conservação, permitindo a sua migração', explica Pedro Cunha e Menezes, diretor do Departamento de Áreas Protegidas do MMA.
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A trilha é parte da Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (RedeTrilhas), iniciativa federal que busca criar corredores ecológicos e rotas de turismo sustentável por todo o país.
A expectativa é que 10 mil pessoas percorram a trilha já no primeiro ano, seja a pé ou de bicicleta. O caminho contará com mapas, sinalização, orientações para viajantes e apoio de moradores locais, que foram capacitados para oferecer hospedagem, alimentação e outros serviços.
Os visitantes também poderão usar o aplicativo eTrilhas, plataforma digital que permite conhecer prestadores de serviço, roteiros, pontos de parada e informações sobre a biodiversidade ao longo do percurso.
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A Trilha Amazônia Atlântica nasce como símbolo da integração entre política ambiental, inclusão social e turismo sustentável, em um momento em que Belém se prepara para receber líderes globais na COP30.
O projeto é resultado de uma ampla parceria entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Ministério do Turismo (MTur), Embratur, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), Conservação Internacional (CI) e comunidades tradicionais e voluntários.