Cotidiano
Recentemente, em junho de 2024, a cidade foi oficialmente reconhecida por lei estadual como a Capital Goiana dos Cristais, consolidando seu papel central no setor
Os cristais de Cristalina, formados há cerca de 300 milhões de anos em processos geológicos lentos, ainda despertam o interesse de pesquisadores que estudam suas origens e propriedades / Freepik
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O Brasil é reconhecido mundialmente por sua abundância em recursos minerais, e quando o assunto são pedras preciosas e cristais, o país ocupa lugar de destaque. Minas Gerais concentra cerca de 25% da produção global de gemas, mas o Centro-Oeste brasileiro também guarda um tesouro particular: a cidade de Cristalina (GO), a cerca de 130 km de Brasília, dona da maior reserva conhecida de cristais de rocha do planeta.
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A história de Cristalina remonta ao final do século XVIII, quando bandeirantes que buscavam ouro e esmeraldas encontraram abundância de cristais de rocha na região. A partir do século XIX, com a chegada de amostras à Europa, o mineral ganhou relevância comercial e atraiu garimpeiros, comerciantes e famílias inteiras, dando origem ao Arraial de São Sebastião da Serra dos Cristais, núcleo que se transformaria no município de Cristalina, oficializado em 1917.
Recentemente, em junho de 2024, a cidade foi oficialmente reconhecida por lei estadual como a Capital Goiana dos Cristais, consolidando seu papel central no setor.
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Mais de 45 artesãos atuam no Mercado do Cristal, produzindo joias, adornos e peças decorativas a partir das pedras extraídas. Os cristais também alimentam o turismo: além de comprar, os visitantes podem participar de experiências de garimpo, escavando suas próprias pedras e criando uma conexão simbólica com os minerais.
A cidade ainda abriga minas legalizadas abertas ao público, onde é possível observar de perto formações de quartzo que, em alguns casos, atingem até 10 metros de comprimento. Os famosos cristais lemurianos, com linhas semelhantes a códigos de barras, atraem não apenas joalheiros e artesãos, mas também místicos e curiosos que acreditam em suas propriedades energéticas.
O fascínio pelas gemas é só uma parte da experiência. Cristalina oferece uma diversidade de atrativos, como a imponente Pedra do Chapéu de Sol, a Serra dos Topázios, cachoeiras e trilhas. A cidade também preserva referências culturais, como a Igreja São Sebastião dos Cristais, erguida em 1948.
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Se os cristais ajudaram a construir a identidade local, a agricultura fortaleceu a economia. Com 240 nascentes e condições naturais favoráveis, Cristalina é hoje a maior produtora nacional de milho-doce e alho, além de liderar a produção de cebola, feijão e batata no Centro-Oeste.
A mineração e o turismo ligados aos cristais respondem por 5% a 10% do PIB local, mas é a combinação com o agronegócio que sustenta o município como um polo de desenvolvimento regional.
Os cristais de Cristalina, formados há cerca de 300 milhões de anos em processos geológicos lentos, ainda despertam o interesse de pesquisadores que estudam suas origens e propriedades.
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Ao mesmo tempo, continuam a inspirar crenças, adornos e terapias alternativas, reforçando a conexão entre ciência, cultura e espiritualidade.
Assim, Cristalina mostra que a riqueza mineral do Brasil vai muito além do ouro e das gemas clássicas. Suas pedras são mais do que patrimônio econômico: são parte da história, da identidade e da energia que movimentam gerações.