Com mais de 100 empresas integradas e cerca de 15 mil empregos diretos, o cluster cobre aeronáutica, defesa, espaço, aviônicos e manutenção aeronáutica (MRO). / Freepik
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O maior polo aeroespacial da América Latina está localizado em São José dos Campos, no interior de São Paulo. A cidade consolidou um ecossistema tecnológico único no continente, onde convivem indústria, pesquisa e formação de talentos em um mesmo território.
O arranjo reúne a Embraer como empresa-âncora, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) na formação de engenheiros de elite e o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) — antigo CTA — como núcleo de pesquisa e desenvolvimento.
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Com mais de 100 empresas integradas e cerca de 15 mil empregos diretos, o cluster cobre aeronáutica, defesa, espaço, aviônicos e manutenção aeronáutica (MRO).
O conjunto é articulado pelo Cluster Aeroespacial Brasileiro, em sinergia com o Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos, o maior do país. O modelo garante escala, especialização e inovação contínua, fatores que explicam a liderança nacional da cidade em exportações de alta tecnologia e a atração de missões comerciais e investimentos internacionais.
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A história do polo começou em 1946, com a criação do então Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), semente do atual DCTA. A partir dele nasceram o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), o Instituto de Estudos Avançados (IEAv) e o Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) — um tripé que integra ensino, pesquisa e certificação.
Esse ambiente deu origem, em 1969, à Embraer, que consolidou uma cultura de engenharia aplicada e tornou-se símbolo mundial da indústria aeronáutica brasileira.
“Quando universidade, Força Aérea e indústria compartilham objetivos, a prototipagem é mais rápida, a qualificação é contínua e a transferência de tecnologia vira rotina”, explica um dos princípios do modelo joseense.
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A Embraer ancora o cluster com seus jatos comerciais, executivos e plataformas de defesa.
O ITA forma engenheiros que abastecem empresas e institutos de pesquisa, reduzindo gargalos de mão de obra altamente qualificada.
Já o DCTA e seus institutos — IAE, IEAv e ICEA — avançam nas fronteiras de materiais, propulsão, hipersônica, guerra eletrônica e controle de tráfego aéreo.
Ao redor, mais de 100 empresas especializadas completam o ecossistema, produzindo desde componentes estruturais e compósitos até software crítico e aviônicos.
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É nesse ambiente integrado que protótipos saem dos laboratórios e se transformam em produtos certificados, mantendo a competitividade global da indústria brasileira.
O cluster emprega aproximadamente 15 mil profissionais qualificados, com efeito multiplicador sobre serviços de alta complexidade e fornecedores regionais.
Em 2024, as exportações aeroespaciais e automobilísticas de São José dos Campos cresceram cerca de 30%, reforçando a capacidade local de entrega e inovação.
A marca São José dos Campos tem peso no cenário internacional, atraindo fundos de investimento, centros de engenharia e parcerias tecnológicas.
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O Parque de Inovação Tecnológica é o ponto de convergência de startups, laboratórios e incubadoras que atuam em defesa, aviação e espaço. Ele facilita testes, prototipagem e spin-offs, acelerando a transferência de conhecimento.
Na fronteira da mobilidade, o Aeroporto de São José dos Campos foi selecionado para abrigar o primeiro vertiporto experimental da América Latina, voltado a operações com eVTOLs (aeronaves elétricas de decolagem vertical) — uma aposta estratégica no futuro da aviação sustentável.
A principal vantagem competitiva do polo é o ciclo completo de inovação: formação, pesquisa e produção coexistem no mesmo território, reduzindo custos e acelerando o aprendizado. A rede de fornecedores e certificações internacionais mantém o padrão de qualidade elevado e garante competitividade global.
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Os desafios, no entanto, incluem a dependência da Embraer e a necessidade de diversificação em setores como espacial, C4ISR, drones e softwares críticos.
A sustentabilidade também impõe novas agendas, como combustíveis alternativos e eletrificação, que exigirão investimentos constantes em P&D.
Mais do que um polo industrial, São José dos Campos é um laboratório de política industrial e inovação. Cada contrato internacional firmado pela cidade eleva o padrão regulatório e impulsiona a cadeia produtiva nacional, criando empregos de alto valor agregado e transferência tecnológica para pequenas e médias empresas brasileiras.
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