Derretimento do gelo diminui pressão e deforma a placa tectônica da Groenlândia, fazendo a ilha se torcer e ser comprimida, revelam cientistas / Wikimedia Commons
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O derretimento acelerado das camadas de gelo da Groenlândia está provocando um fenômeno surpreendente e com grandes implicações geológicas. A perda de peso na superfície reduz a pressão no subsolo, desencadeando a deformação da Placa da Groenlândia, que faz parte da placa tectônica norte-americana.
Como resultado, a ilha está sendo "torcida e comprimida", um processo que a faz, paradoxalmente, diminuir de tamanho em algumas áreas.
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Essa transformação foi notada em toda a extensão da ilha, com pesquisadores observando que certas regiões da Groenlândia estão encolhendo e se aproximando, enquanto outras áreas demonstram expansão e esticamento.
Além disso, nos últimos 20 anos, a ilha inteira se deslocou cerca de 2 centímetros anualmente na direção noroeste. Um estudo detalhado sobre o fenômeno foi publicado na prestigiada revista científica Journal of Geophysical Research.
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“No geral, isso significa que a Groenlândia está se tornando um pouco menor, mas isso pode mudar no futuro com o derretimento acelerado que estamos vendo agora”, explicou Danjal Longfors Berg, o principal autor do estudo e pesquisador da NASA, em um comunicado.
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A Groenlândia, com seus 2,1 milhões de metros quadrados, repousa sobre a placa tectônica norte-americana. Quando o gelo derrete, o peso sobre o solo diminui, fazendo com que a crosta terrestre, aliviada, comece a subir, um processo chamado de soerguimento isostático.
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Por outro lado, em locais que ainda mantêm grande acúmulo de gelo, o solo tende a afundar. A perda de peso provoca, portanto, reações diversas na crosta, o que faz com que partes da ilha subam, afundem ou se estiquem.
O pesquisador Danjal Longfors Berg afirma que a ilha se movimenta em diferentes direções simultaneamente.
“O gelo que derreteu nas últimas décadas empurrou a Groenlândia para fora e causou elevação, de modo que a área se tornou maior durante esse período. Ao mesmo tempo, observamos um movimento na direção oposta, com a Groenlândia subindo e se contraindo devido a mudanças pré-históricas nas massas de gelo relacionadas à última Era Glacial e seu fim”, explica Berg.
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Essa complexa dinâmica entre os efeitos do derretimento atual e os movimentos geológicos herdados de milhares de anos atrás é o que molda a Groenlândia.
Para entender os movimentos horizontais da Groenlândia com precisão inédita, os cientistas criaram um modelo computacional robusto. "Criamos um modelo que mostra movimentos ao longo de uma escala de tempo muito longa, de cerca de 26 mil anos atrás até o presente", afirma Berg.
Paralelamente, a equipe utilizou medições “muito precisas dos últimos 20 anos” de estações de GPS.
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Pesquisadores da Universidade Técnica da Dinamarca analisaram os dados de 58 estações de GPS espalhadas pela costa da Groenlândia. Com isso, eles observaram em detalhes a elevação do leito rochoso da ilha, as mudanças de posição e a deformação da terra.
Todos os dados foram introduzidos no modelo computacional, que simula os movimentos geológicos passados e presentes.
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A análise revelou um resultado inesperado para os cientistas. "Até então, não havia medições tão precisas de como a Groenlândia está se deslocando. A suposição era de que a Groenlândia está sendo esticada principalmente devido à dinâmica desencadeada pelo derretimento do gelo nos últimos anos", comenta Berg.
O estudo, no entanto, mostrou a complexidade do fenômeno: "Mas, para nossa surpresa, também encontramos grandes áreas onde a Groenlândia está sendo 'retraída' ou 'encolhida', devido aos movimentos", acrescenta.
Conheça um pouco mais da região no vídeo do canal Lucas e Anna Pelo Mundo:
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