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Cotidiano

Livro traz reflexões diárias sobre a vida através da espiritualidade

O autor Maurício Zomignani fala sobre a busca pelo entendimento das situações da vida através de um olhar voltado à espiritualidade

Vanessa Pimentel

Publicado em 05/11/2017 às 06:00

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O livro 'Grãos de Mostarda: Reflexões Para Remover Montanhas' foi lançado em Santos no mês passado pela editora Ateliê de Palavras / Rodrigo Montaldi/DL

O novo livro de Maurício Zomignani, “Grãos de Mostarda: Reflexões Para Remover Montanhas”, lançado em Santos no mês passado pela editora Ateliê de Palavras, traz em suas páginas a seleção de posts escritos pelo próprio Maurício em sua rede social Facebook, onde ele aprofunda, de maneira espiritualista, os problemas cotidianos vividos pelas sociedade diariamente.   

“Não basta sermos retirados da zona de conforto pelas dores, é fundamental refletirmos para onde temos ido, para onde podemos ir. Refletir com simplicidade e profundidade sobre o dia a dia é nosso mais importante exercício espiritual”, explica o escritor.

Maurício diz que começou a pensar em escrever livros ainda na faculdade, enquanto cursava Serviço Social. Começou com poesia e publicou dois exemplares nessa linha.

Já na vertente espiritualista, Grãos de Mostarda é o terceiro.  “Tenho dois romances publicados. Um chama-se ‘Água Viva - a História e a Importância de Jesus na Regeneração do Planeta’ e o outro, ‘Os Filhos Pródigos – Porque Todos os Caminhos Levam ao Amor’, baseado no Evangelho Segundo o Espiritismo.

Nesta edição do Papo de Domingo, Maurício fala sobre a busca pelo entendimento das situações da vida através de um olhar voltado à espiritualidade, bem como os últimos acontecimentos que têm preocupado o mundo, como os casos de intolerância, preconceitos, corrupção e mudanças planetária.

Diário do Litoral – Relacionado aos mistérios da morte e as possibilidades que ela traz você acredita que cada vez mais as pessoas estão buscando outra forma de entender o processo, ou pelo contrário, estão cada vez mais céticas?

Maurício Zomignani – A matéria chama a gente para acreditar que a única coisa que existe é o que a gente vê com os nossos sentidos. Mas, todos nós estamos tendo vivências que nos intrigam muito, sonhos que são intuições, presenças, visões, inclusive influências espirituais perturbadoras. Tudo isso tem desafiado as pessoas a ponto delas serem chamadas para o espírito. Então não é propriamente uma questão ideológica, é uma necessidade existencial que cada vez chama mais pessoas, seja através do falecimento de um ente querido, que lá no fundo a gente sente que não morreu. Essa sensação faz com que a gente busque a espiritualidade e ela esta presente nas diversas religiões.

DL – Acredita que é preciso ser religioso para ser espiritualizado?

Maurício - O espiritual vai muito além das religiões e a espiritualidade do ser surgiu muito antes de qualquer religião. Há muito tempo que o ser humano não ligado a nada sabe que existe alguma outra coisa, outra dimensão. A gente não precisa estar na mão de instituições para desenvolver a nossa espiritualidade. Claro que a disciplina é fundamental e a instituição religiosa nos propõe isso e pode ser útil conforme a pessoa, mas o espiritual não está amarrado a nenhuma religião.

DL – Neste sentido, você acredita que as religiões perderão força no futuro?

Maurício - Eu acho que a gente pode olhar para o passado para responder a essa questão do futuro porque no passado as religiões determinavam muito do comportamento humano e ainda hoje existem religiões que querem associar virtudes com o tamanho do cabelo da mulher, da saia, do terno - o que realmente não tem base nenhuma. É apenas uma tentativa de fazer no externo aquilo que todos nós sabemos que pertence ao interno. Então sim, eu acho que o futuro nos reserva uma forma de espiritualidade cada vez menos dirigida, onde nós seremos livres e o ser do futuro vai beber do budismo, do espiritismo, do cristianismo, de onde tiver água boa.

DL - O que você acha da ligação de muitas religiões com o dinheiro?

Maurício - É uma associação de quem quer facilitar e quem busca facilidades, como se fosse o caminho mais fácil que algumas pessoas buscam para se considerar espiritualizadas. É o ilusionismo para aqueles que querem ilusão.  

DL – Parece que a sociedade está cada vez mais crítica em relação às religiões. Como vê isso?

Maurício - Jesus fez uma crítica - talvez a mais contundente contra os religiosos - tenha partido dele. Ele chamou os religiosos do seu tempo de sepulcros caiados: branquinhos por fora, mas cheios de podridão por dentro e os acusava de serem hipócritas. É a figura típica do religioso que prefere as roupas, o tom de voz bonitinho, mas a prática dele é muito ruim. Então a hipocrisia permanece sendo um problema sério em todas as religiões, tanto que há romances espíritas que falam que no mundo espiritual existe um manicômio destinado aos fanáticos religiosos.

DL – Algumas religiões dizem que o padrão vibracional da Terra estaria diferente pelo período detransição que estamos passando. O que seria esse período? 

Maurício - Há muito tempo que a gente tem visto essas previsões, inclusive que o mundo vai acabar e uma pergunta sociológica a respeito disso é? Por que tanta gente acredita nisso quando não há nenhuma base científica para falar que o mundo vai acabar? Nós temos uma sensação de que o mundo está acabando porque ele está transitando e mudando. Então é claro que o mundo subjetivo está acabando, o mundo da pedofilia, da corrupção, da violência. Sempre teve corrupção no mundo, por que esse escândalo todo? Porque as pessoas estão se indignando com isso. Na minha infância um homem poderia matar uma mulher se a pegasse em flagrante de adultério, era legítima defesa da honra. Ele saia livre apesar de ser um assassino e isso mudou. A questão de gênero, do homossexual ou das várias manifestações sexuais, tudo isso tem mudado de uma maneira extremamente positiva. O mundo está mudando, não tem como discutir isso, está mudando e rápido. E precisa mudar mesmo.

DL - Você se preocupa com o Trump na presidência dos Estados Unidos em relação à questão nuclear?

Maurício - Eu acho que o homem não pode tudo, apesar de achar que pode. A minha crença é que o mundo espiritual em diferentes dimensões atua sobre as nossas decisões. Quantas vezes um assassino chega à frente de uma pessoa e o revólver trava? Por que isso não acontece em outras situações? Então, existe uma lógica. O mundo não está ao léu.

DL – É possível explicar as tragédias que acontecem pelas mãos dos homens através da espiritualidade?

Maurício - Jesus tem uma proposição desafiadora: “O escândalo é necessário, mas ai daquele por meio do qual ele vier”. Todo fato que aconteceu, se foi permitido que acontecesse, é porque era necessário. Quando os EUA soltaram a bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki era necessário? Era necessário. Aquelas duas cidades precisavam passar por um desencarne coletivo. Mas a bomba atômica era necessária? Absolutamente não. Deus não precisa do mal para fazer o bem. “Mas, então, como assim?”. Hiroshima e Nagasaki poderiam ter sofrido um tsunami, um terremoto. O terremoto do Haiti matou mais gente que Hiroshima e Nagasaki juntas e quem é o culpado do terremoto do Haiti? Quem é o autor? Ódio contra quem você tem pelo terremoto? Isso nos mostra que a vida tem os seus próprios meios. Só é permitido que o homem produza grandes tragédias quando está dentro da justiça e da lógica da vida, caso contrário não seria permitido. Existe uma maneira de entender as tragédias e se a gente não procura uma forma de digeri-las, aquilo fica como um boi dentro de você.

DL- E como as pessoas podem fazer isso?

Maurício - Alçando a vista. O espiritualismo fala que para você compreender alguma coisa é preciso se colocar numa postura mais alta. Por exemplo, o Brasil está passando por um escândalo de corrupção muito intenso. Do ponto de vista espiritual o país está na maior faxina moral do mundo. Se o Brasil está fazendo esta faxina tão grande, deveríamos estar orgulhosos e otimistas porque no dia seguinte a uma faxina, a casa é sempre a melhor da redondeza. A vida melhora quando a gente eleva o nosso ponto de vista. Quando eu aprofundo meu ponto de vista eu consigo olhar o maníaco do parque e falar ‘ele é filho de Deus tanto quanto eu’. Isso é o grande ganho de qualquer religião, de qualquer filosofia - se uma religião não servir para isso, não serve para nada - é o ópio do povo como Marx falou.

DL - Você acha que a ciência está conversando cada vez mais com espiritualidade?

Maurício - A ciência sim, mas não através de todos os cientistas. Existem fanáticos religiosos, existem fanáticos científicos. Como é que um cientista pode se negar a estudar um fato que existe na história desde o início da humanidade como é o caso da mediunidade? Por que negar esse fato? Não negue, seja um cientista. Um cientista digno do nome diz: Ok. Tenho minhas crenças, mas vou pesquisar até chegar a uma verdade que ateste ou que negue esses fatos. Quando a ciência fala “isso não existe porque eu não creio” está sendo tão fanática quanto um terrorista islâmico. O fanatismo é que precisa ser vencido, seja ele religioso ou científico.

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