Maria Suellen Altheman. Atleta da FEFIS (Unimes), compete por Santos há seis anos / Rodrigo Montaldi/DL
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O Diário do Litoral traz a partir da edição de hoje uma série especial com importantes personagens da Baixada Santista que participarão dos Jogos do Rio de Janeiro, em agosto. O Papo Olímpico deste domingo é com a judoca Maria Suellen Altheman. Atleta da FEFIS (Unimes), ela compete por Santos há seis anos e é considerada por especialistas como uma grande esperança de medalha para o Brasil.
Recuperada de uma séria lesão no joelho direito que a afastou dos tatames nos últimos anos, Altheman voltou às atividades no fim do ano passado e acumula, em 2016, resultados que a credenciam como uma forte candidata na categoria peso pesado (+78 kg). As medalhas de ouro no Grand Prix de Dusseldorf, na Alemanha, e no Aberto Pan Americano de Lima, no Peru, reforçam a expectativa.
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A judoca tem no currículo ainda dois vice-campeonatos mundiais, conquistados no Rio de Janeiro, em 2013, e Cheliabink, na Rússia, 2014. Na Olimpíada de Londres 2012, ela ficou muito perto do bronze e acabou derrotada pela chinesa e hepta campeã mundial, Wen Tong, a 44 segundos do fim da luta.
Desta vez, no entanto, a história promete ser diferente. Na entrevista ao DL, Suelen fala sobre os últimos momentos de preparação, início no esporte, comenta sobre rivalidade com cubana e ainda fala sobre a possibilidade de chegar ao pódio olímpico no seu aniversário, no dia 12 de agosto. Acompanhe:
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Diário do Litoral - Como foi o início?
Maria Suellen Altheman - Participei de um projeto na cidade onde nasci, em Amparo. De manhã, eu estudava e à tarde eu ia para o local, onde trabalhávamos com várias modalidades. Era uma forma de eu fugir da rua, por que o bairro onde eu morava era perigoso e ruim. Fiz judô, capoeira, natação, vôlei... Mas o judô foi a minha paixão. Ele me escolheu.
Diário do Litoral - Sofreu algum preconceito?
Maria Suellen - Da minha família não. Foi da sociedade. Para muitos, judô é coisa de menino. Já a menina tem que fazer ballet. O preconceito, infelizmente, ainda está na cabeça de muitos. A gente cresce, fica com as costas largas. No caso, na minha categoria (peso pesado), isso fica evidente.
Diário do Litoral - Teve alguma referência para superar isso?
Maria Suellen - Na época, tínhamos grandes atletas, mas não tive uma grande influência. Na verdade, naquela época, assistia mais desenho do que esporte (risos). E como na minha família também não tinha atleta, não tive uma grande inspiração no início.
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Diário do Litoral - Mas chegou a ter contato com alguns ídolos logo nos primeiros passos?
Maria Suellen - No São Caetano, onde fui atleta de 2004 a 2010, tive contato com medalhistas. Morei com a Edinanci (Silva) na república. O Thiago (Camilo) era de lá, além do (Carlos) Honorato (seu atual marido) e do Mário Sabino. Tirava algumas fotos, como qualquer criança, ao ver um ídolo.
Diário do Litoral - Como aconteceu a chegada em Santos?
Maria Suellen - Meu pai correu para caramba para eu fazer vários testes e aí fui para São Caetano, em 2004 e fiquei até 2010. Depois disso, vim para Santos e hoje sou muito feliz. Só tenho que agradecer a cidade por me adotar. Não sou daqui, mas me sinto uma santista.
Diário do Litoral - Qual foi a medalha mais importante na carreira?
Maria Suellen - Acho que as pratas do mundial. Sonhava muito com ela, Olimpíada... A gente pensa: “Quero participar de uma Olimpíada”, mas não tem noção da dimensão. A princípio, fala que quer participar. Mas aí, quando chega lá, volta a pensar: “Agora eu quero ganhar uma medalha”. Então, conforme o tempo vai passando, a gente vai treinando mais para isso e sonhando mais.
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Diário do Litoral - Agora acha que tem chances reais?
Maria Suellen - Sempre acreditei! Eu sempre achei que podia brigar por uma medalha. Briguei por um pódio em 2012, e agora, dentro de casa, não vai ser diferente. Vou brigar por uma medalha no Rio, independente da cor.
Diário do Litoral - E se encarar pela frente a Idalis Ortiz, que tirou os seus ouros no mundial?
Maria Suellen - Para chegar na cubana preciso lutar com muita gente. Não posso entrar na Olimpíada só pensando nela. Ainda preciso aguardar o sorteio. Não sou cabeça de chave, mas, em 2012, isso não interferiu em nada. Depende apenas da minha preparação física e psicológica.
Diário do Litoral - E o frio na barriga? Já bate?
Maria Suellen - Tenho bastante essa ansiedade um pouco antes da competição. Geralmente, acontece na pesagem, quando vejo todas as adversárias. Aí, então, fico nervosa.
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Diário do Litoral - O que te ajuda controlar a ansieda? O marido?
Maria Suellen - Ele tem vivência (foi prata, em 2000) e era muito tranquilo para competir. Hoje ele fica muito mais nervoso, já que está aposentado e trabalha comigo como técnico. Ele foi para Londres também e lembro que o escutava perfeitamente na torcida. Me ajuda!
Diário do Litoral - Como estão esses últimos momentos?
Maria Suellen - A seleção feminina treinará na Espanha. Lá estarão vários países, inclusive as minhas adversárias. Depois a gente volta e, na próxima semana, dia 11, tem um treino na Bahia. Dia 28 de julho, então, me concentro em Mangaratiba, no RJ.
Diário do Litoral - Sem dores nos treinos?
Maria Suellen - Estou 100% recuperada da lesão no joelho. Tive este problema sério na final do mundial, em 2014. Operei e fiquei quase um ano parada. Com isso, caí muito no ranking, perdi pontos e as minhas adversárias me passaram. Era a líder no ranking e caí para 22º. Voltei a lutar no fim de 2015 e hoje estou em 11º.
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Diário do Litoral - Agora é só felicidade?
Maria Suellen - Com certeza! Farei aniversário nas finais do judô, dia 12. Pode ser um presentão! Vou lutar para trazer essa medalha a Santos!