Ambulante fica em frente à Alfândega, de segunda à sexta-feira, das 16h às 17h. Ritual é realizado há mais de 40 anos por Massao Arakaki / Rodrigo Montaldi/DL
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Quando ele começou a trabalhar, a região da Bolsa Oficial do Café, no Centro de Santos, era movimentada. O chamado ‘ouro verde’ ainda era um dos principais produtos escoados pelo complexo santista. O então jovem de 17 anos, filho de migrantes japoneses, dá os primeiros passos para o sucesso e se junta ao pai na venda de pastel. Já se passaram 56 anos e o ambulante Massao Arakaki, o ‘Japonês do Pastel’ segue fazendo a alegria dos amantes da iguaria de segunda a sexta-feira, pela manhã em frente ao Fórum e à tarde ao lado da Alfândega.
“Comecei com o meu pai, em 1961, lá na Rua XV de Novembro, quando o café ainda estava no auge. Eu tinha 17 anos. Naquela época, a vida de ambulante era difícil. Não podia ficar parado muito tempo em um lugar. A fiscalização era dura. Com o tempo fui estabilizando os pontos e a freguesia”, disse Massao.
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O ambulante veio de Avaré, interior de São Paulo. Seus pais, japoneses, trabalhavam na lavoura de algodão. “Vim para Santos com nove anos. Meu pai e a minha mãe começaram a fazer pastel para vender e eu também aprendi”, lembrou. A tradição atravessou gerações, e o filho de Massao, Marcio Arakaki, agora o ajuda na tarefa de comercializar a especialidade.
A Reportagem conversou com Massao na praça em frente à Alfândega. De segunda a sexta-feira, das 16h às 17h, há 43 anos, o ambulante está no local. De manhã, entre as 10h e as 11h, seu filho fica em frente ao Fórum. Os clientes, já sabendo o horário, descem dos escritórios para garantir o pastel de sua preferência.
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O mais pedido é o de carne com pimenta. Muitos o acompanham há vários anos.
“Conheci o pastel com o pai dele. Lembro do dia que choveu muito e alagou o Centro. O carrinho do pai dele quebrou. Todos os dias ele passava em frente a oficina onde eu trabalhava, na Rua da Constituição. A gente arrumou a roda do carrinho e ele conseguiu ir embora”, lembrou o advogado Ranieri Cecconi, enquanto comia um pastel. Ele é cliente de Massao há mais de 30 anos.
Os pastéis de Massao são feitos por ele e sua esposa. A primeira leva começa a sair no final da madrugada e a segunda no início da tarde. “Meu filho faz também. Filho de pasteleiro tem que saber fazer, né?!”, disse em tom de humor.
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É pedalando que Massao e o filho levam os pastéis para o Centro. O ambulante de 73 anos não pensa em parar de trabalhar. Disse que enquanto tiver forças para andar de bicicleta e saúde para fazer os pastéis seguirá na lida. “O sucesso é fazer pastel de qualidade, trabalhar direito e atender bem o cliente. O pessoal já está acostumado e qualidade não pode cair. Tudo o que tenho e o que sou hoje devo ao pastel”, afirmou.