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Cotidiano

Internautas organizam vaquinha para comprar outro carro para serralheiro

Diante de um colchão em chamas na pista, ele avançou e acabou tendo o seu carro incendiado. Além de Itamar Santos, duas mulheres, uma criança e um homem estavam no veículo

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 27/01/2014 às 00:11

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A imagem de um Fusca em chamas na Avenida Consolação, região central de São Paulo, durante protesto no sábado, 25, foi ainda mais assustadora para o serralheiro Itamar Santos, de 55 anos - o dono do carro. Diante de um colchão em chamas na pista, ele avançou e acabou tendo o seu carro incendiado. Além de Itamar, duas mulheres, uma criança e um homem estavam no veículo. Ninguém ficou ferido, mas o serralheiro perdeu o carro que era usado em seu trabalho.

Itamar voltava da igreja na noite de sábado quando passou pelo protesto, em frente à Praça Roosevelt. Morador da Avenida Senador Teotônio Vilela, região de Interlagos, zona sul, ele dava carona a outras pessoas que moram na vizinhança. Nem sequer sabiam que haveria manifestações na cidade.

Ao ver a confusão, o trabalhador não soube o que fazer e decidiu avançar com o carro. Mas o pano em chamas enroscou na roda e o fogo se alastrou em poucos minutos pelo Fusca. Itamar demorou a entender o que acontecia. "Fiquei em choque. Saí para tirar o colchão e ir embora, mas depois percebi que não tinha mais jeito Então corri para tirar as pessoas de dentro."

Segundo o serralheiro, a criança, de 5 anos, chorava muito e uma das mulheres também. Ela chegou a procurar ajuda na Igreja da Consolação, mas foi embora antes que alguém pudesse socorrê-la. Em choque, decidiram ir embora e deixar para trás o carro pegando fogo. "Como a polícia não teve condições de ajudar e evitar aquilo, decidi largar o carro lá".

As cenas do carro se transformando em uma tocha gigante foram transmitidas ao vivo pela TV. Quando Itamar chegou em casa, familiares e amigos já o esperavam aflitos por terem reconhecido o carro e o próprio serralheiro pela televisão. "Graças a Deus ninguém se machucou", disse ele, que é evangélico, casado e tem uma filha.

O veículo foi incendiado durante protesto contra a realização da Copa do Mundo no Brasil (Foto: Vinicius Gonçalves/Futura Press)

Perda total

A polícia não sabia quem era o dono do Fusca na noite de sábado. Itamar só foi acionado na madrugada de domingo depois que os policiais falaram com seu irmão Idemar Santos, em nome de quem o Fusca 1979 está registrado.

O serralheiro comprou o carro do irmão há cinco anos. Era "o filho único", como ele diz. Itamar usava o carro para transportar os materiais do trabalho. "Hoje mesmo tinha de entregar uma grade e não pude", disse. O carro destruído está em sua oficina, que fica no térreo de sua casa.

Itamar precisou buscar seu Fusca na manhã deste domingo, 26. Além da perda total do veículo, ainda teve de gastar R$ 150 com o guincho para levar o Fusca destruído para casa. "Não sobrou nada, agora é só vender para ferro velho mesmo."

O serralheiro não sabe se alguém jogou o colchão em seu carro ou se tudo foi um acidente, mas diz não concordar com esse tipo de protesto. "Eu nem sabia que tinha manifestação. Ouvi dizer depois que era por causa da Copa, mas é um absurdo esse tipo de vandalismo."

Ajuda

A família pensa em acionar a Justiça contra o Estado. Manifestantes disseram que o carro foi incendiado acidentalmente, quando o motorista avançou sobre o colchão. Sensibilizados, internautas estão organizando uma vaquinha para que Itamar possa comprar outro veículo. Um grupo no Facebook já contava com 118 integrantes na noite de hoje.

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