Cotidiano

Infectologista alerta para transmissão de doenças após ressaca e enchentes em Santos

Em entrevista ao Diário do Litoral, o médico-infectologista e vereador Marcos Caseiro (PT) explicou os perigos do acúmulo de sedimentos e o bloqueio de pontos de evasão no sistema de escoamento santista

Igor de Paiva

Publicado em 08/08/2025 às 10:50

Atualizado em 08/08/2025 às 10:53

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O médico destaca que um dos maiores riscos são as enchentes, que mostraram sua força na última quarta-feira (8) / Nair Bueno/Diário do Litoral

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Na última terça-feira (29), a cidade de Santos foi atingida por uma forte ressaca. O fenômeno invadiu vias e entupiu canais do município com areia da praia. Em entrevista ao Diário do Litoral, o médico-infectologista e vereador Marcos Caseiro (PT) explicou os perigos do acúmulo de sedimentos e o bloqueio de pontos de evasão no sistema de escoamento santista.

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O médico destaca que um dos maiores riscos são as enchentes, que mostraram sua força na última quarta-feira (8). 

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"Os canais foram feitos no começo do século passado, projetados por Saturnino de Brito, um dos maiores sanitaristas brasileiros, e a ideia era justamente essa. Como Santos é uma cidade plana em relação ao nível do mar, tínhamos as comportas, e, em dias de maré alta, a água tinha para onde escoar", explica.

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Ainda sobre o temporal, o infectologista afirmou que a tragédia seria infinitamente maior caso a maré estivesse em dias de níveis mais elevados.

Caseiro também explica que o acúmulo de areia faz com que a água do mar perca características únicas, tornando-se insalubre. 

"Geralmente, entra água do mar nos canais, e ela é muito salgada. Isso ajuda a destruir patógenos e bactérias. Quando a água fica represada, isso obviamente contribui para a deposição de ovos de mosquito. É muito complicado."

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Somado a isso, o médico alerta sobre a quantidade de ratos que vivem na região dos canais. De acordo com Caseiro, cada roedor urina cerca de 3 mililitros, e, em cada mililitro, há aproximadamente 10 mil leptospiras a bactéria responsável pela transmissão da doença conhecida como leptospirose. 

"A contaminação ambiental é muito grande. Certamente, aumenta o risco de transmissão de doenças nesse cenário".

As fezes de muitos animais, como os cachorros, também podem agravar a situação. Caseiro comenta que os dejetos podem liberar o parasita responsável pela larva migrans cutânea, o temido "bicho geográfico".

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O vereador afirma que é inadmissível que, em 2025, ainda não exista um sistema de defesa mais eficaz contra esse tipo de ação da natureza. "É fundamental desentupir os canais e criar mecanismos de proteção. Isso é uma vergonha", desabafa.

Solução natural

A retirada das areias dos canais e o retorno do material à praia não apresentam riscos, segundo o infectologista. Como já mencionado, a água do mar é rica em salinidade, sendo eficaz no processo de eliminação de bactérias e larvas. 

"Ela [a água do mar] tem uma alta osmolaridade. Isso prejudica a proliferação desses patógenos. Em um primeiro momento, a partir do momento que a água cobre essa areia, praticamente acontece uma esterilização natural", finaliza Caseiro.

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Próximos capítulos

Ainda em fase de recuperação da forte ressaca e do temporal, a região do litoral de São Paulo segue em estado de atenção.

Em razão da chegada de uma frente fria, a Defesa Civil paulista decretou um alerta de ressacas válido entre os dias 8 e 11 de agosto.

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