Indígenas das comunidades da Região ocupam a sede da Funai / Nayara Martins/DL
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Cerca de 40 indígenas das comunidades da região ocuparam na última terça-feira, 26, a sede da Coordenação Regional da Funai, em Itanhaém, para protestar contra a exoneração do coordenador regional do Litoral Sudeste da Funai, Cristiano Vieira Gonçalves Hutter. Segundo informações da Funai, a exoneração foi publicada na segunda-feira, 25, no Diário Oficial da União.
As comunidades indígenas da Região fizeram uma manifestação pacífica e reivindicaram a revogação da exoneração do coordenador regional Cristiano Hutter, além da participação na gestão do órgão, conforme a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), na qual o Brasil é signatário.
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O cacique Awa Tenondeguá dos Santos, da aldeia Tapirema, localizada na Terra Indígena Piaçaguera, em Peruíbe, afirmou que eles ficaram surpresos com a exoneração de Hutter. Segundo ele, já foi enviado uma carta de repúdio à decisão da Funai ao Ministério Público de Santos e à presidência do órgão, em Brasília. "Estamos representando as comunidades indígenas da Região e queremos chegar a um acordo sobre essa situação", disse.
Segundo o cacique, a pessoa indicada como novo coordenador, o militar reformado Roberto Cortez de Souza, não tem o conhecimento e nem o histórico necessários para estar à frente do trabalho junto às comunidades. Tenondeguá explicou ainda que já fez contato com a presidência da Funai em Brasília.
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"Eles alegaram que é uma decisão comum para a troca de coordenação e não precisam consultar as lideranças indígenas. Mas a presidência da Funai está agindo de forma contrária à convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que prevê uma consulta prévia junto às comunidades indígenas", frisou.
Cristiano Hutter, que já trabalha junto às comunidades indígenas na Região há cerca de 20 anos, conhece bem a realidade e os problemas dos povos indígenas na Baixada Santista, no litoral Sul e Vale do Ribeira.
Outro líder que também lamentou a saída do coordenador regional é o cacique Werá Danilo, da aldeia guarani Itaóca, de Mongaguá. "Soubemos da decisão na segunda-feira e foi uma surpresa. Essa foi uma medida tomada pelo presidente da Funai de forma autoritária", afirmou.
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Demarcações de terra.
Um das preocupações é em relação aos processos paralisados sobre as demarcações das terras indígenas, segundo o cacique Werá Danilo. Entre as aldeias ameaçadas na Região, segundo ele, está a aldeia Tekoa Mirim, em Praia Grande, que corre o risco de perder suas terras devido aos grandes empreendimentos.
Outra preocupação é o projeto Vale do Futuro, lançado pelo Governo do Estado, no Vale do Ribeira, e que deve afetar as terras indígenas.
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Catarina Delfina dos Santos, líder da aldeia Tapirema, na Piaçaguera, também afirmou que todos ficaram preocupados com essa decisão. "Defendemos a volta de Cristiano Hutter à Coordenação Regional da Funai, para que ele possa dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos em defesa das comunidades indígenas. Vamos permanecer aqui até chegarmos a uma solução", avisou.
Outras lideranças da região, do Litoral Norte e do Vale do Ribeira também devem participar da manifestação na sede da Coordenação Regional Litoral Sudeste da Funai em Itanhaém.
Doações
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Interessados em colaborar com os indígenas, na sede da Funai, em Itanhaém, podem doar e fazer as suas contribuições. Para doar roupas, alimentos, colchonetes ou produtos de higiene pessoal, podem ir na sede da Coordenação Regional da Funai, em Itanhaém, na avenida Condessa de Vimieiros nº 700, centro, ou na Estação Cidadania, na avenida Ana Costa, 340, em Santos.
Quem quiser contribuir com dinheiro pode depositar qualquer quantia na agência do Banco do Brasil 4655-8, conta corrente 14.112-7.