MPF diz que ocupações irregulares agravam ainda mais a situação de abandono das ferrovias. / Rodrigo Montaldi/DL
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As invasões e construções irregulares na ferrovia Santos-Cajati deverão ser mapeadas pela concessionária Rumo S.A., que precisa solicitar também a desocupação dos imóveis em 30 dias. É isso que recomenda o procurador do Ministério Público Federal, Thiago Lacerda Nobre em documento emitido nesta semana.
A recomendação expedida nesta semana pelo procurador da República dá 30 dias para que a Rumo realize o mapeamento de invasões e construções irregulares em todo o trajeto ferroviário, promova vistorias nos locais e notifique os moradores que residem de forma irregular a desocupar os imóveis.
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O MPF pede que, caso os locais não sejam esvaziados, a concessionária ajuíze, em 90 dias, ações de reintegração de posse visando à desocupação das construções e à demolição de eventuais benfeitorias, bem como à limpeza e destinação adequada da área.
SUCATEAMENTO.
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O abandono da Santos-Cajati remonta a 2002, quando o trecho ainda estava sob o controle da Ferrovias Bandeirantes (Ferroban), posteriormente incorporada à ALL. Na época, os vagões e as locomotivas que ali operavam foram desviados para outros fluxos, mesmo existindo no trecho carga suficiente para sustentar sua utilização. Nos anos seguintes, a ferrovia foi desativada e abandonada, embora a ALL tenha, em contrato firmado com a União, assumido a responsabilidade de assegurar a adequada prestação de serviços de transporte ferroviário na região.
A partir de 2006, o trecho, que tem 198 km, passou a ser sucateado a ponto de ter os trilhos retirados para serem utilizados em outras ferrovias.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
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Em 2014, foi ajuizada uma ação civil pública pelo MPF requerendo que a América Latina Logística (ALL Holding) – antigo nome da concessionária antes de sua fusão com a Rumo – cumpra com suas obrigações contratuais e realize a manutenção integral da ferrovia. A Justiça Federal em Santos concedeu medida liminar, mas, na prática, o processo está parado aguardando a emissão de licenciamento ambiental pela Ibama. O MPF estima que o abandono da linha férrea tenha causado um prejuízo de pelo menos R$ 160 milhões ao patrimônio público, uma vez que praticamente todo o trecho entre Santos e Cajati está deteriorado.
OUTRO LADO.
Em nota, a empresa esclarece que ainda não foi notificada e que já ajuizou cerca de 60 ações de reintegração de posse, ao longo do referido trecho, em razão de sua obrigação legal e contratual de preservação da faixa de domínio da ferrovia. Destaca ainda que realiza rondas periódicas afim de identificar novas ocupações.
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