 
						Intolerância com idosos reflete uma sociedade que rejeita o próprio futuro / Freepik
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Idosos ao redor do mundo têm um plano de futuro comum e muito claro, mas ele não inclui casas de repouso nem moradias assistidas. É o que revela um levantamento da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, onde 76% dos entrevistados entre 50 e 80 anos afirmaram que sequer consideram a hipótese de viver em uma instituição de longa permanência.
Nos EUA, onde o assisted living é uma solução apresentada para quem precisa de ajuda diária, a resistência ao modelo tem crescido. Fora os locais de luxo – que "mais parecem resorts" –, os serviços oferecidos muitas vezes pecam pela má qualidade, sendo prestados por mão de obra com salários muito baixos.
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No Brasil, o cenário de poucas opções acessíveis e de qualidade é semelhante, o que levanta um debate urgente: como viabilizar a permanência de idosos em suas casas, garantindo independência e autonomia?
Muitos idosos preferem permanecer em suas próprias casas porque esse espaço representa memória, autonomia e identidade construída ao longo de décadas. O lar carrega objetos, rotinas e histórias que reforçam a sensação de pertencimento, algo difícil de reproduzir em outros ambientes.
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Além disso, continuar em casa permite que o idoso mantenha controle sobre suas escolhas diárias — como horários, alimentação e atividades — preservando a independência e evitando a sensação de perda de liberdade, que pode ocorrer em instituições ou ao mudar para a casa de familiares. É, acima de tudo, uma forma de manter dignidade e continuidade de vida
Há argumentos sólidos em defesa da alternativa de envelhecer no lar: manter as conexões sociais com a comunidade local e os amigos, além de preservar a autoestima e o senso de dignidade do idoso, que continua tendo controle sobre o ambiente onde vive.
O planejamento é a chave, e a adaptação da residência nem sempre é cara. Políticas públicas poderiam custear reformas e equipar as moradias com tecnologias voltadas para o cuidado, como sensores de movimento que detectam quedas.
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Entretanto, é fundamental lembrar que "viver sozinho não é um projeto solo". É preciso contar com uma rede de apoio robusta, formada por familiares, vizinhos ou cuidadores pagos.
A realidade já aponta para soluções naturais. Atualmente, já existem as chamadas Naturally Occurring Retirement Community (Comunidades Naturais de Aposentados), expressão para designar bairros ou conjuntos habitacionais que, ao longo do tempo, passaram a concentrar uma população majoritariamente idosa – o que facilita a organização e contratação de serviços que atendam a todos.
Entenda mais sobre o assunto no vídeo do Viva Mais 60.
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